Comissão planeja erradicação da tuberculose com vacina, orçamento e programa piloto no AM

Líder Antonio Brito preside reunião da Comissão Externa. Foto: Cláudio Araújo

A Comissão Externa da Câmara dos Deputados para o Enfrentamento da Tuberculose reuniu nesta terça-feira (19) representantes do governo e da sociedade civil em busca de estratégias para a erradicação da doença no Brasil até 2030. A audiência pública foi proposta pelo líder do PSD, deputado Antonio Brito (BA), que também é presidente da Frente Parlamentar de Luta contra a Tuberculose.

Vacina, financiamento permanente e programa-piloto em área crítica foram algumas das sugestões consensuais. A doença transmitida por bactérias é conhecida há mais de 5 mil anos, tem tratamento desde 1950, mas ainda mantém incidência elevada. Segundo a Organização Mundial de Saúde, 105 mil brasileiros tiveram tuberculose em 2023, dos quais 87 mil foram diagnosticados e tratados.

Antonio Brito quer intensificar as ações de combate à doença no País inteiro, aproveitando a atual posição estratégica do Brasil no comando do G-20 e nos preparativos da Cúpula do Clima, a COP-30, na região amazônica.

A fim de ampliar os futuros resultados efetivos de erradicação, Brito sugere foco no Amazonas, onde a comissão já agendou visita técnica. O estado é que tem o maior número de casos proporcionalmente à população, especialmente entre indígenas. “No Amazonas, são 6 mil casos novos por ano. Então, o impacto de fazer um programa piloto na região para erradicação da tuberculose até 2030 dará a sensação de causa e efeito”, ressaltou.

Representante do Ministério da Saúde, Draurio Neto afirmou que o Brasil tem a oportunidade de “fazer história” por meio de ações articuladas de 14 pastas reunidas no Comitê Interministerial para a Eliminação da Tuberculose e de Outras Doenças Determinadas Socialmente. “É preciso ter vacina e é preciso que todos sejam vacinados. Por isso, a gente precisa de mais tecnologias, novas ferramentas, inovação, melhores vacinas, diagnósticos melhores e mais rápidos”, disse.

Tratamento
Draurio Neto disse que o tratamento da doença também é um desafio.  “Precisamos de um tratamento mais curto, porque hoje o tratamento da tuberculose leva seis meses, dando a falsa sensação de cura muito rápida e levando ao abandono do tratamento”, explicou.

O comitê para eliminação da doença foi criado em abril do ano passado e vai elaborar o plano operativo a partir do próximo mês. Com 9,5 casos para 100 mil habitantes, o Distrito Federal já atingiu a meta de eliminação da tuberculose como problema de saúde pública.

Vulneráveis
Indígenas, as pessoas em situação de rua, as que vivem com HIV/AIDS e a população carcerária estão entre os mais vulneráveis à tuberculose, segundo o Ministério da Saúde.

Durante a audiência na Câmara, representantes dos Ministérios dos Povos Indígenas, da Educação e dos Direitos Humanos apresentaram ações específicas para essas populações.

Representante do Ministério de Ciência e Tecnologia, Thiago Moraes anunciou a abertura de edital de financiamento, ainda neste ano, para aquisição de testes-diagnósticos, medicamentos e vacinas, por exemplo.

Recursos
Todos os gestores públicos pediram apoio orçamentário por meio de emendas parlamentares. Médico e ex-secretário de saúde, o deputado Ismael Alexandrino (PSD-GO) concordou com essa ajuda, mas enfatizou a necessidade de financiamento permanente. “Claro que as emendas são importantes, mas elas são pontuais. A gente não pode desenvolver programas que sejam perenes com soluços de orçamento. A gente precisa de algo que tenha fluxo contínuo e previsibilidade”, disse.

Márcia Viana, do Ministério de Desenvolvimento e Assistência Social, pediu a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição 383/17, que garante recursos para a execução orçamentária própria do Sistema Único de Assistência Social.

Integrante da Articulação Social de Luta contra a Tuberculose, Carla Almeida defendeu aporte de recursos para as ações de estados e municípios, enquanto o presidente da Rede Brasileira de Pesquisa em Tuberculose (Rede TB), Ricardo Arcêncio, cobrou investimento público em vacinas e insumos. “Importantes pesquisas estão sendo desenvolvidas em âmbito nacional, mas sem valorização nem perspectiva de financiamento”, lamentou.

Em 2023, a OMS criou um Conselho Acelerador de Vacinas contra Tuberculose, a fim de facilitar o licenciamento e o uso de novas imunizantes. O tema foi debatido em Brasília, no início do mês, durante a reunião do Conselho da Stop TB Partnership, uma coalizão global para erradicar a doença até 2030. Desde 1982, a OMS comemora o Dia Mundial de Combate à Tuberculose em 24 de março, em referência à data de descoberta do Bacilo de Koch, bactéria causadora da doença.

Fonte: Agência Câmara de Notícias

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