O Globo: Frente faz pressão na Câmara para criar CPI sobre maus-tratos de animais

Comissão de deputados fará perícia em instituto amanhã

Com a retirada dos beagles do Instituto Royal, o deputado Ricardo Izar (PSD-SP), coordenador da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos Animais, pretende desengavetar um pedido de abertura de CPI sobre maus-tratos a animais. A coleta de assinaturas já havia sido feita, mas a CPI nunca foi instalada. Será votado um pedido de urgência que, caso aprovado, poderá acelerar a criação da comissão.

Ontem, parlamentares e ativistas dos direitos dos animais defenderam o fim do uso de animais em testes de cosméticos. Eles participaram de um ato simbólico na Câmara dos Deputados em apoio à campanha Liberte-se da Crueldade, promovida pela organização Humane Society International (HSI). Durante o ato, um grupo de cerca de 30 pessoas, com seis cães, ficou do lado de fora do Congresso, em apoio ao debate.

COMISSÃO VISITARÁ INSTITUTO

Ricardo Izar afirmou que, além da questão moral, o uso de animais em testes de cosméticos também traz prejuízos econômicos ao Brasil.

— É também uma questão mercadológica. Hoje, o Brasil não pode vender cosméticos para a União Européia, porque lá não é aceito. Não vai ser melhor
só moralmente, mas também economicamente — disse Izar.

Na terça-feira, a Câmara criou uma Comissão Externa para acompanhar as investigações das denúncias contra o Instituto Royal. O grupo visitará amanhã o Instituto Royal, em São Roque (SP). Os seis deputados que integram a comissão vão se reunir também com o prefeito da cidade, Daniel Oliveira Costa (PMDB-SP), o delegado do caso, Marcelo Pontes, e com o promotor Wilson Velasco Júnior, do Ministério Público Estadual, que já investigava o instituto há um ano e meio.

Presidente da comissão, o deputado federal Protógenes Queiroz (PCdoB-SP), disse que todos os animais que forem encontrados passarão por uma perícia para saber se sofreram algum tipo de lesão, maus-tratos ou se contraíram doenças por conta dos testes realizados no laboratório.

O Instituto Royal, em vídeo divulgado ontem, voltou a negar a existência de maus-tratos aos beagles levados do laboratório de São Roque. Na gravação, de pouco mais de quatro minutos, a gerente geral do local, Silvia Ortiz, nega ainda que animais sejam usados em testes de cosméticos e produtos de limpeza. PHD em Ciência de Animais de Laboratório pela Unicamp/Instituto Pasteur de Paris, a pesquisadora classifica o episódio da última semana como “invasão” “destruição” e “vandalismo”. Ela ainda acrescentou que o instituto é um dos cinco centros de referência no país para pesquisas pré-clínicas e disse que o local continuará funcionando.

“Se algum dia você já tomou medicamento contra dor de cabeça, gripe ou pressão alta, pode ter certeza, você já foi beneficiado por pesquisas previamente feitas em animais. Para esses testes, são utilizados animais determinados de acordo com protocolos pré-clínicos; ratos, camundongos, coelhos e cães, estes últimos da raça beagie. Essa raça é mais indicada como modelo biológico padronizado para pesquisas científicas, por conta de seu padrão genético e sua similaridade com a biologia humana” diz a pesquisadora no vídeo.

Ao comentar a invasão da sede, a pesquisadora disse que precisa do apoio da sociedade para a retomada das atividades:

“Nós persistiremos, pela fé que temos na relevância das pesquisas que fazemos, mas precisamos que a sociedade compreenda essa importância e nos ajude a continuar trabalhando para o bem-estar de todos.”

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