O Estado de S. Paulo | Política: Eleição na Câmara será nova arena de disputa

Definição de candidatos pode ampliar divisão na base aliada do presidente Michel Temer

Erich Decat

Finalizada as eleições municipais, a disputa pela sucessão da presidência da Câmara dos Deputados será intensificada e o vale-tudo pelas vagas tende a ampliar a divisão na base aliada do presidente Michel Temer. De um lado, o PSDB, que reivindica apoio do Palácio do Planalto e da bancada de deputados do PMDB para chegar ao comando da Casa.

Do outro, integrantes do chamado Centrão (PP, PSD, PR, PTB entre outros partidos), que também contam com a ajuda do governo e dos peemedebistas para vencerem a disputa. Um terceiro personagem também articula a possibilidade de disputar: o atual presidente, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Ele tenta uma brecha jurídica para que possa se candidatar.

De hoje até o dia i1º de fevereiro, quando deve ocorrer a eleição, a disputa pode ter como ingredientes mudanças na Esplanada dos Ministérios e até ameaças aos pequenos partidosde uma possível aprovação da cláusula de barreira nas próximas eleições. “Não tem jeito. Depois das eleições municipais, a coisa aqui vai acelerar”, considerou o líder do governo na Câmara,André Moura (PSC-SE).

Nas três candidaturas aventadas, o único consenso é de que o PMDB não poderá lançar uma candidatura em razão de acumular a presidência da República e a do Senado. Segundo deputados envolvidos nas articulações, o líder do PMDB, Baleia Rossi (SP), tem dito que aguarda um posicionamento de Temer para definir o rumo da legenda na disputa.

Em uma campanha silenciosa, lideranças do PSDB ressaltam, nos bastidores, que a batalha pela presidência da Casa tem de ter como critério a proporcionalidade de cada bancada. O PSDB, com 56 deputados eleitos, é o terceiro partido da Câmara, atrás apenas do PMDB e do PT, que atua na oposição ao governo Temer.

A promessa de se construir uma aliança “duradoura” pela estabilidade política neste e num possível próximo governo também tem sido um argumento para atrair o apoio do Palácio do Planalto. O tema permeou as conversas entre o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e Michel Temer, no último dia 12, em Brasília. Mas ao serem questionados sobre a disputa pelo comando da Casa, líderes do tucanato preferem evitar o tema. “Tem que ter cautela, o momento é de aprovar os projetos de interesse do País e quando chegar o momento certo discutir isso”, afirmou Aécio Neves ao Estado .

Uma das estratégias dos adversários dos tucanos será a de colocar uma “suspeita” em torno da fidelidade que o PSDB diz ter em relação ao governo. O fato de o partido ser um forte candidato à disputa presidencial de 2018 deverá ser uma das munições para dissuadir lideranças do governo e do PMDB de um possível apoio aos tucanos. Há um entendimento por parte dos adversários de que uma vez no comando da Câmara, o PSDB poderá utilizar o posto de “palanque” para 2018 e impor uma pauta de votação que se alinhe ao projeto de Poder.

“O próximo presidente será o condutor das reformas ou o indutor do caos”, avaliou o líder do PSD, Rogério Rosso, derrotado na última disputa pelo comando da Casa vencida pelo deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Em meio às votações de propostas de interesse do governo, os atores da disputa também terão de aparar arestas para conseguirem se viabilizar. Dentro do PSDB,por exemplo, além de Imbassahy também tem se articulado o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP). Ambos são ligados a Aécio Neves. Segundo integrantes da legenda, na corrida interna não está descartada a possibilidade de o ministro das Cidades, Bruno Araújo (PSDBPE), voltar ao mandato para entrar na briga. “Tenho ouvido isso. Mas fui para o ministério assumindo uma missão que abancada me designou”, afirmou Araújo ao Estado .

O ministério, assim como a liderança da bancada, entraria, dessa forma, no bojo das discussões pela ampliação de espaços dentro do PSDB, tema defendido por deputados ligados ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e ao ministro de Relações Exteriores, José Serra. Da parte do Centrão, além de Rogério Rosso e do líder do PTB, Jovair Arantes (GO), o PR também poderá lançar candidato. “Já temos duas candidaturas colocadas. A do José Rocha e do Milton Monti”, afirmou o líder do PR, Aelton Freitas (MG).

Lideranças também não descartam a discussão da Reforma Política como poder de barganha e a busca por uma aliança com o PT. “Não decidimos se vamos lançar candidatura própria ou fazer alianças. Eles estão se matando e isso pode acabar nos ajudando”, afirmou o líder do PT, Afonso Florence (BA).

Rumo

“O próximo presidente será o condutor das reformas ou o indutor do caos.”

Rogério Rosso (PSD-DF)

LÍDER DO PARTIDO E CANDIDATO DERROTADO PARA A PRESIDÊNCIA DA CÂMARA DOS DEPUTADOS

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