O Estado de S. Paulo | Economia: ‘Líder’ do ministério público na câmara

In loco

Procurador é tietado e ouve discursos críticos

Daiene Cardoso e Igor Gadelha

Presente em vários momentos do trâmite do pacote anticorrupção e um dos defensores da proposta, o coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, fez questão de acompanhar a reta final dos trabalhos da comissão especial.

Tietado do início ao fim por servidores e visitantes que acompanhavam a sessão, Dallagnol ouviu elogios e reclamações dos parlamentares, que estavam ressentidos com as críticas do Ministério Público Federal aos que insistem em manter a proposta de crime de responsabilidade para magistrados, promotores e procuradores.

Nos intervalos dos trabalhos da comissão, Dallagnol foi procurado por deputados e ouviu avaliações diferentes sobre o que poderia acontecer na sessão de ontem. Minutos antes do início, o deputado Marcelo Aro (PHS-MG) o avisou que havia o risco de o relatório de Onyx Lorenzoni (DEM-RS) ser derrotado, o que deixou o procurador preocupado. Aro alertou que seria necessário apresentar um parecer vencedor.

Durante a sessão, o procurador também foi procurado por Silvio Costa (PTdoB-PE), Mauro Pereira (PMDB-RS) e Ricardo Tripoli (PSDB-SP).

Acompanhado de outros procuradores e representantes do Judiciário, como José Robalinho Cavalcanti, presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República, Dallagnol também ouviu calado as críticas de parlamentares. Um dos primeiros a mandar recado foi o deputado Fausto Pinato (PP-SP), que defendeu a inclusão do crime de responsabilidade para magistrados e membros do Ministério Público e disse que o relator foi “infeliz” em retirar a medida do pacote anticorrupção. “Nesta Casa quem não aguenta pressão, não deve ser deputado federal”, disse o parlamentar, para quem, no Parlamento também tem, como em qualquer outra instituição, “gente boa e séria”, “corrupto e porcaria”. “Não faltam leis, o que faltam são os juízes trabalharem na mesma velocidade de Sérgio Moro.”

O líder do PROS, Ronaldo Fonseca (DF), também foi crítico em seu discurso e disse que não dava para “assinar embaixo” o que vem do Ministério Público.

Sem direito à palavra durante a sessão, o procurador acompanhou as declarações na plateia todo o tempo, longe das articulações que ocorriam nos bastidores para alterar o texto final do projeto. Coube ao presidente da comissão, Joaquim Passarinho (PSD-PA), agradecer a presença do procurador e negar que o MPF tenha interferido nos trabalhos. “Nunca tivemos nenhuma imposição no relatório”, disse em resposta a um parlamentar.

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