Junji faz apelo contra o desperdício

Mel Tominaga

Deputado diz que investimentos em educação ambiental, na conscientização da sociedade e em pesquisas para racionalizar o uso de recursos hídricos são o grande desafio

No Dia Internacional da Água (22 de março), o deputado federal Junji Abe (PSD-SP) ocupou a tribuna da Câmara para falar sobre o que classificou como o grande desafio a ser vencido pelo Brasil e pelo restante da humanidade: investimentos em educação ambiental, na conscientização da sociedade e em pesquisas para racionalizar o uso de recursos hídricos, assim como para buscar meios de garantir a economia e melhor distribuição da água.

Já a partir de 2025, cerca de 3 bilhões de pessoas serão afetadas pela falta de água, como resultado do crescimento populacional e, com ele, do aumento da demanda por energia e alimentação. Ao mencionar a projeção de especialistas, Junji lembrou o papel estratégico do Brasil, onde estão 20% da água doce de todo o planeta, “o que nos torna ainda mais responsáveis pelo controle do consumo e pela preservação dos mananciais”.

Durante seu pronunciamento o deputado observou que a disponibilidade da água não é homogênea no território nacional.  A região amazônica, que registra a menor densidade demográfica do País, abriga 80% de toda reserva de água doce superficial. “Por outro lado, a minha região, Sudeste, que tem a maior concentração populacional, dispõe de apenas 6% do total”, comparou. Enquanto nove países desfrutam de 60% da água doce da Terra, cerca de 80 sofrem em graus variados com a escassez, como afirmou Junji, mostrando que a desigualdade no acesso ao líquido afeta todo o planeta.

“Além de controlar o desperdício, que começa dentro casa, de melhorar os sistemas de gestão e de combater, de modo definitivo, a destruição de mananciais por poluição e desmatamento, temos de buscar projetos mais racionais de utilização da água, novas tecnologias, sob pena de contribuirmos, em números importantes, para a escassez que se abaterá sobre as próximas gerações”, apregoou Junji.

Enquanto prefeito de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, Junji presidiu, por duas vezes, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, constituído pelos 38 municípios da Região Metropolitana paulista.  Ele observou que a busca incessante por soluções para a problemática da água tem de ser uma prática obrigatória por parte do poder público e da sociedade, considerando o “ descompasso entre o tempo necessário para o ciclo de renovação da água e o ritmo com que exploramos os recursos hídricos”.

Para demonstrar a urgência no desenvolvimento de alternativas que permitam racionalizar a utilização da água, Junji pinçou estudo da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, divulgado no mês passado. Segundo o levantamento, o Brasil é o quarto país que mais consome água para a produção de bens de consumo, atrás da China, Índia e Estados Unidos. A situação decorre, em especial, da produção de cereais e de carne bovina, principalmente para exportação.

De acordo com Junji, os altos custos ainda comprometem a aplicação de hipóteses como utilização da água das geleiras e calotas polares, assim como da água marinha, por meio de processo de dessalinização. Diante dessa realidade, apontou, resta ao governo e à população manter como prioridade as estratégias de melhor aproveitamento dos recursos hídricos.

Não bastasse a ameaça concreta da escassez, ponderou Junji, persiste a preocupação com a qualidade da água utilizada, por exemplo, no cultivo irrigado de hortaliças. “O descuido na preservação dos mananciais pode ocasionar contaminação, acarretando riscos à saúde pública, além dos impactos ambientais”, advertiu. O parlamentar relatou que a gravidade do problema foi objeto da discussão encabeçada por especialistas do mundo inteiro no simpósio sobre a qualidade de água para uso na olericultura.

Promovido pela Pró-Horti – Frente Parlamentar Mista em Defesa do Segmento de Hortifrutiflorigranjeiros, presidida por Junji, em parceria com a Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Hortaliças, o evento mostrou que ainda há falhas na legislação sobre a qualidade da água para regulamentar os diversos tipos de uso e muita desinformação.

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