Junji defende prioridade para coletivos e ciclovias

Não há como pensar em desenvolvimento sustentável dos municípios sem cuidar da infraestrutura de transportes, com prioridade para elevar a eficiência dos coletivos e multiplicar ciclovias. Esta é a avaliação do deputado federal Junji Abe (PSD-SP), ao cobrar “pulso firme” dos políticos em todas as esferas para garantir a necessária mobilidade urbana, livrando a população da precariedade do transporte público e da inexistência de condições para o uso de bicicletas, que só agravam os congestionamentos nas grandes cidades.

As considerações de Junji foram feitas nesta quarta-feira (13/06/2012) durante o Seminário Internacional Brasil-Estados Unidos sobre o tema “Transporte Público nas Regiões Metropolitanas: Planejamento, Governança e Financiamento”.  Promovido pela CDU – Comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara , o evento destacou a experiência norte- americana no setor onde predomina o transporte individual com graves prejuízos para a qualidade de vida da população, fluidez do trânsito e para o meio ambiente.

“Não podemos seguir a trajetória equivocada dos norte-americanos. Estamos tardando na adoção de medidas para melhorar a mobilidade urbana, equacionando a oferta de transporte coletivo de qualidade e dando condições para o aumento do uso de bicicletas”, advertiu Junji, ao lembrar que a população dos EUA representa 5% dos habitantes do planeta, mas consome 25% do petróleo e seus derivados gastos no mundo.

O diretor-executivo de Ações Estratégicas da Autoridade Metropolitana de Transportes de Los Angeles, Robin Blair, confirmou que o modelo americano de transporte desumanizou as comunidades, levando entidades da sociedade civil a empreenderem uma luta hercúlea para apresentarem alternativas e incentivarem mudanças nos hábitos das pessoas, na consciência social e na responsabilidade dos governantes, visando transformar a infraestrutura urbana.

Segundo Junji, os males enfrentados nas grandes cidades brasileiras sinalizam para o agravamento do caos no trânsito e da crescente perda da qualidade de vida, em função do descaso com a mobilidade urbana. “Não basta garantir o direito de ir e vir. É preciso oferecer agilidade, praticidade e conforto no deslocamento de um ponto a outro para todos os segmentos sociais, incluindo portadores de deficiência”, apregoou o parlamentar.

O Brasil vive o estágio em que cidades super-habitadas expandem-se nas regiões metropolitanas. Embora os empregos estejam concentrados no eixo central desses aglomerados, quem garante o sustento das cidades são os cerca de 70% da população de menos favorecidos, cada vez mais distantes dos polos de negócios e vitimados por transporte coletivo precário, como pontuou Junji.

Assim como os norte-americanos, observou Junji, os brasileiros das classes média e alta optam pelo transporte individual. “Por conta das sérias deficiências do transporte coletivo, da inexistência ou baixa oferta de ciclovias e das facilidades de comprar um carro, cada vez mais gente se desloca com condução própria”, completou ele, ao defender investimentos maciços e eficazes em mobilidade urbana.

Num cálculo simples, evidenciou Junji, os custos do tempo perdido em congestionamentos monstruosos somados aos da multiplicação de grandes áreas para estacionamentos, que poderiam ser direcionadas a iniciativas de maior alcance social, seriam suficientes para assegurar o aporte dos investimentos necessários para aperfeiçoar os serviços de ferrovias, metrôs e outros coletivos, além de ampliar as ciclovias.

Com um sistema ferroviário moderno e abrangente, completou Junji, os deslocamentos de cargas também deixariam de se concentrar nas rodovias. “Isto resultaria em agilidade, menos perdas e menores custos para os setores produtivos, ampliando a competitividade dos produtos brasileiros no exterior e reduzindo os preços no mercado interno”.

Já a população passaria a optar pelo transporte coletivo se tivesse um serviço de qualidade. “Para trocar o uso do seu carro pelo coletivo ou pela bicicleta, o cidadão precisa sentir que compensa. Ou seja, saber que gastará bem menos e economizará tempo”, comentou Junji. Endossando o raciocínio, os consultores norte-americanos relataram que a prioridade no país é o investimento em ciclovias.

Ex-prefeito de Mogi das Cruzes (2001-2008), na Grande São Paulo, Junji relatou que, em sua primeira gestão, começou a demarcar faixas para ciclistas, apesar da falta de espaço nos percursos mais movimentados. “Nomeu segundo mandato, já com um orçamento melhorado, comecei a planejar as ciclovias nas novas obras de vias públicas”, contou.

Em plenária da Agenda Metropolitana, realizada em Mogi das Cruzes em março último (30/03/2012), Junji recebeu a boa notícia de que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) pretende concretizar um antigo sonho do ex-prefeito, engavetado por falta de recursos: a implantação de uma ciclovia para ligar os parques mogianos Leon Feffer, em Braz Cubas, e Centenário, em César de Souza, em dois extremos da Cidade.

Realizado por iniciativa do deputado José de Filippi (PT-SP), o seminário faz parte do Programa Nacional de Conferência das Cidades, normatizado por Lei Federal para que União, Estados e Municípios estejam integrados e para que cada esfera assuma suas responsabilidades. Assim como Junji, o presidente da CDU, deputado Domingos Neto (PSB-CE), considerou o evento “muito produtivo”. Outros semelhantes deverão ser promovidos para tratar da mobilidade urbana no Brasil.

Também participaram do seminário o diretor de Programas Internacionais da Associação Americana de Planejamento, Jeff Soule; o vice-presidente da TranSystems Planejamento, Irving Taylor; o professor e pesquisador da Universidade Estadual de Portland, Oregon, Gil Kelley; e o secretário-executivo da Autoridade de Transportes do Estado de Maryland, Harold Bartlett. Representando o Brasil, estavam o secretário nacional de Transporte e Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades, Julio Eduardo dos Santos, o presidente da Associação Nacional de Transportes Públicos, Aílton Brasiliense; e o secretário-executivo da Frente Nacional de Prefeitos, Gilberto Perre; entre outras autoridades e congressistas.

Mel Tominaga
Assessora de imprena do dep. Junji Abe

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