Maior obra ferroviária do país com 1.753 quilômetros de extensão, a Transnordestina enfrenta problemas de fluxo de caixa para sair do papel. A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) é a principal controladora da obra que reúne também empresas privadas num modelo de Parceria Público Privada (PPP).
Iniciada em 2007, a obra continua requerendo investimentos. Em um café da manhã nesta quarta-feira (7) com a bancada do Nordeste no Congresso Nacional, o diretor-executivo da CSN, Sérgio Leite, admitiu que a empresa está passando por dificuldades financeiras. Por outro lado, o governo também reconhece que a paralisação da obra atende às medidas de contingenciamento do orçamento da União.
O deputado Júlio César (PI) promoveu, na manhã desta quarta-feira (7), um encontro com a bancada nordestina. Para ele, o momento é de unir forças e exercer pressão sob o governo para que libere recursos e a obra seja retomada.
Comissão permanente para a Transnordestina
“Nós iremos montar uma comissão permanente com um representante de cada estado: Piauí, Pernambuco e Ceará. Também fiz uma emenda ao orçamento da União para que sejam mantidos os R$ 2 bilhões previstos este ano para o Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE) e não apenas os R$ 400 milhões que o governo propôs”, pontuou o deputado. Parte deste montante pode ser direcionado para bancar a obra.
Até o momento, apenas 53% da linha férrea foi concluída com a liberação de R$ 6,3 bilhões em recursos. A ferrovia é vista como a principal alternativa econômica para o escoamento da produção nordestina, além de contribuir diretamente para o desenvolvimento da região.
Presente ao encontro, o governador do Piauí, Wellington Dias, disse que o transporte de cargas pelas rodovias gera um prejuízo incalculável aos estados. Dias também falou sobre a pressão exercida pela iniciativa privada que investiu bilhões às margens da Transnordestina, com instalação de empresas apostando na melhoria da logística da região e não veem perspectivas de um retorno a médio prazo.
“Os investidores acreditaram na obra, começaram a produzir minério de ferro, soja, eucalipto, milho, entre outros, e agora estão numa situação difícil, tendo que transportar isso tudo a um custo caro pelas rodovias. Isso nos gera uma obrigação para garantir, com o apoio da bancada do Nordeste, a conclusão da obra até 2019.”
Ferrovia vai gerar desenvolvimento
Assim que estiver concluída, a Transnordestina vai beneficiar diretamente 81 municípios da região Nordeste – 19 deles no Piauí, 28 no Ceará e outros 34 em Pernambuco.
Estudo recente do BNDES calculou que, uma vez finalizada, a obra vai permitir o transporte de mais de 30 milhões de toneladas de cargas por ano. Além da ferrovia, está prevista a construção de 190 pátios e linhas secundárias, e mais 300 pontes e viadutos.
A Transnordestina faz parte do Programa de Aceleração ao Crescimento (PAC). O governo estima que, ao término da construção, sejam gastos R$ 11,2 bilhões entre recursos públicos e privados.
Renan Bortoletto
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