DCI: “Novo PSD disputará eleições em dez estados”

03/06/2013 | Diário Comércio Indústria & Serviços

Desde que foi lançado em 2010 pelo ex-prefeito Gilberto Kassab, virtual candidato ao governo de São Paulo em 2014, o PSD vem surpreendendo na política nacional.

E promete disputar os governos de pelo menos dez estados nas próximas eleições, procurando manter-se independente em relação ao Palácio do Planalto, mesmo depois de haver colocado o pé no governo Dilma Rousseff com a nomeação do vice-governador Guilherme Afif Domingos para a Secretaria Especial da Micro e Pequena Empresa.

O salto da legenda é projetado pelo líder do PSD na Câmara dos Deputados, Eduardo Sciarra (PR).

“Nossa intenção é chegarmos consolidados com a terceira maior bancada no Congresso Nacional e vamos disputar as eleições para governo do estado em torno de 10 a 12 estados e temos perspectivas de eleger senadores, vice-governadores, grande número de deputados federais, aumentando o número que temos hoje”, afirmou em entrevista exclusiva ao DCI.

Em compensação ao fato de ter Afif Domingos no governo, o líder Eduardo Sciarra aponta que o partido não perdeu independência, a exemplo do que ocorreu na semana passada, quando foram votadas duas medidas provisórias consideradas estratégicas pelo governo para aquecer a economia – uma que desonera a folha de pagamentos e a outra que reduz a tarifa de energia elétrica.

DCI: Dois anos depois da eleição de 2010, quando o PSD estreou, qual é hoje a situação da legenda no País e quais são as suas perspectivas de crescimento para 2014?
Eduardo Sciarra:
O PSD, de fato, em dois anos do seu registro inicial, em setembro 2011, ainda não completamos formalmente nem 2 anos, mas evidentemente foi criado o partido em 2010. E nós tivemos um excepcional resultado nas eleições municipais. Elegemos mais de 500 prefeitos no Brasil e nós estamos nos preparando agora para as eleições do próximo ano, a primeira eleição estadual e nacional que vamos disputar com perspectivas de surpreender mais uma vez. Pretendemos chegar consolidados com folga como a terceira maior bancada no Congresso [depois de PT e PMDB].

DCI: Isso para 2014?
ES:
Sim, nossa intenção é chegarmos consolidados com a terceira maior bancada no Congresso Nacional e vamos disputar as eleições para governo do estado em torno de 10 a 12 estados e temos perspectivas de eleger senadores, vice-governadores, grande número de deputados federais, aumentando o número que temos hoje. O partido nasceu sem perspectiva de ter tempo de televisão, sem fundo partidário. Nós fomos à luta acreditando que a gente conquistaria as outras prerrogativas pelo menos nas eleições de 2014. Buscamos isso na Justiça e conseguimos. E vamos disputar as eleições de 2014 em condições melhores do que já estávamos quando estávamos estruturando o partido.

DCI: O ex-prefeito Gilberto Kassab, que é um potencial candidato em São Paulo, terá o apoio do ex-governador José Serra?
ES:
Kassab é candidato declarado ao governo do estado de São Paulo. Não, ele vai caminhar para ser governador. Não sei dizer se ele terá o apoio do Serra, porque não sabemos qual o futuro político do Serra dentro das especulações que estão sendo nesse momento formuladas. Mas [Kassab] não depende de apoio dessa natureza. O Serra e o Kassab têm uma ótima relação de amizade. Não dá para afirmar que sim nem que não, porque não se constitui em nenhum momento de perspectiva.

DCI: O fato de o vice-governador Guilherme Afif Domingos ter ido ocupar a pasta da Micro e Pequena Empresa significa uma ruptura do PSD com o governo Geraldo Alckmin, do PSDB, que é oposição ao governo Dilma Rousseff?
ES:
Não sei, aí teria que ver com a representação política de São Paulo. Logicamente no Congresso Nacional, acompanho as questões de outros, mas eu não posso falar pela representação do partido em São Paulo.

DCI: Além de São Paulo, o PSD deve sair como candidato em quais outros estados importantes?
ES:
O PSD terá candidato na eleição em Santa Catarina, a reeleição do governador Raimundo Colombo. Também teremos candidato a governador na Bahia, Rio Grande do Norte.

DCI: Na Bahia, vai haver ruptura com o governador Jaques Wagner, do PT?ES: Tem que haver ruptura, para a própria consolidação da candidatura. É a disputa do poder. Você caminha junto e pode ter o mesmo palanque nacional, sem necessariamente você estar alinhado com a representação estadual.

DCI: Onde mais o PSD deve lançar candidatos a governador?
ES:
Santa Catarina, Bahia e Rio Grande do Norte, estou falando de um ano e pouco antes das eleições. Hoje, são perspectivas mais concretas São Paulo, Bahia, Rio Grande do Norte. No Paraná nós temos também para o governo.

DCI: Quem é do Paraná?
ES:
Temos vários nomes. O PSD no Paraná tem nomes que podem representar muito bem uma candidatura própria como, por exemplo, o empresário Joel Malucelli, que está conversando conosco e é um nome que a gente está trabalhando, preparando, além de outros nomes que podem ser colocados. Claro, na hipótese da candidatura de Gleisi Hoffmann, eu mesmo poderia ser o seu candidato a vice-governador. Ah, e tem Mato Grosso, tem Acre, enfim, temos outros estados também com perspectivas de candidatura ainda, estamos buscando alternativas no Estado do Pará, no Ceará, nós estamos trabalhando.

DCI: O ministro Guilherme Afif Domingos, que continua como vice-governador de São Paulo, ao tomar posse falou que era uma decisão pessoal dele, um convite pessoal da presidente Dilma, mas entendia que a tendência da maioria do partido é seguir o apoio à reeleição da presidente Dilma. É isso mesmo?
ES:
É uma decisão pessoal dele. Nós do partido, no Congresso Nacional, vamos caminhar de forma independente até o final desse período. Quanto à definição de apoio à eleição de 2014, ela será tomada pela direção nacional ouvindo os diretórios estaduais. A tendência até agora é apoiar a reeleição da presidente Dilma Rousseff porque, dos diretórios dos 26 estados e mais o Distrito Federal, já houve a manifestação de 12. Faltam ainda 15 se manifestar, e esses 12 que se manifestaram já fizeram uma forma de apoio à presidente Dilma.

DCI: Inclusive São Paulo?
ES:
Não. São Paulo ainda não se manifestou. Não sei quando será. Nós aqui, do Paraná, estamos fazendo vários encontros regionais do partido e até o final de junho vamos fazer uma reunião para decidir isso.

DCI: O senhor não acha complicado o PSD ter um ministro no governo Dilma e querer ser independente do governo?
ES:
Não, não acho. O ministro é um grande quadro do partido. Mas não está compondo o governo como um cargo do partido. Foi um convite pessoal da presidente da República e uma decisão pessoal do ministro. O partido não terá cargos no governo. E a atuação do partido no Congresso Nacional continua independente. Ano passado fizemos um compromisso de votar esta matéria com o ex-presidente Marco Maia e com todos os partidos políticos. Nada mudou para que agora ele deixe de ser prioridade.

DCI: Qual é a posição do partido em relação à votação da MP dos Portos?
ES:
Alguns quadros do partido há muito tempo vêm reivindicando uma modernização, um aumento de competitividade em nossos portos. A senadora Kátia Abreu (PSD-TO) foi uma das principais articuladoras de ações para modernização dos portos. Inclusive criticamos o governo há alguns anos, quando o governo editou um decreto que prejudicou a competitividade dos portos. E agora essa medida provisória, com os ajustes que se pretende fazer no plenário com a apresentação de destaques, é uma proposta modernizadora. O governo mudou em relação àquilo que pensava anteriormente. E nós entendemos que essa mudança foi positiva, porque busca a modernização e a competitividade de nossos portos. Por isso, apresentamos destaques.

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