Covid-19: Comissão da Câmara debate avanços da vacina de Oxford

Deputado Antonio Brito falou sobre recursos e logística da distribuição da vacina;

A comissão externa da Câmara destinada a acompanhar o enfrentamento à pandemia do coronavírus debateu nesta quarta-feira (1º) os avanços da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford. A estimativa é que ao menos 30,4 milhões de doses sejam disponibilizadas até janeiro de 2021 após a conclusão dos testes.

O colegiado recebeu, virtualmente, o embaixador britânico no Brasil Vijay Rangarajan. “É um momento de muita esperança para toda a população mundial. Precisamos evitar uma possível segunda onda do coronavírus e manter esta cooperação internacional. Vale ressaltar que esta parceria entre o Reino Unido e o Brasil não é inédita. Já trabalhamos em pesquisas contra a zika e a dengue”, lembrou o embaixador.

No Brasil, 5.000 voluntários estão sendo testados já na fase três. A produção da vacina é uma parceria entre o governo brasileiro e a farmacêutica britânica AstraZeneca. Antônio Brito (BA) integrou o colegiado nos debates desta quarta. ” Nossa preocupação é com o pós-estudos clínicos da vacina. Enquanto os pesquisadores trabalham nos estudos, vamos fornecer meios para que os recursos orçamentários sejam viabilizados pelo Legislativo para a logística de distribuição.”

A presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Nísia Trindade Lima, destacou que este é o estudo com eficácia clínica de anticorpos mais avançado do mundo, já na fase três. Segundo ela, a previsão é que entre outubro e novembro deste ano já seja possível alcançar resultados preliminares no Brasil e no Reino Unido. “Trata-se de uma parceria que gera um marco para nós nestes 120 anos de exigência da Fiocruz.”

O diretor-executivo da Fundação Lemann, Denis Mizne, acredita que a parceria vai permitir ao Brasil o retorno à posição de destaque na rota de produção mundial de vacinas. “Nosso país sempre teve tradição em vacinas e por meio das parcerias que nossa instituição possui na área educacional com universidades de excelência como Oxford, Stanford, Harvard e outras, vamos incentivar talentos acadêmicos na área de pesquisas.”

A reitora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Soraya Soubhi Smaili, traçou um panorama do hospital laboratório de campanha do Centro de Imunização. “Em poucas semanas vamos alcançar a marca de 45 mil testes. De todo nosso trabalho no estudo da Covid-19, destaco descobertas importantes na área de fármacos, como os corticoides e a heparina.”

A metodologia de distribuição das vacinas no país foi esclarecida pela coordenadora do Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde, Francieli Fantinato. “A faixa etária para imunização é de 18 a 55 anos, que é a população altamente exposta à Covid-19. Vamos aumentar os grupos prioritários à medida da capacidade produtiva dos nossos parceiros. Serão 30,4 milhões de doses distribuídas no pais, sendo a primeira etapa em dezembro deste ano e a outra em janeiro de 2021.”

Na oportunidade, o embaixador britânico no Brasil, Vijay Rangarajan, participou dos debates. O deputado Alexandre Serfiotis (RJ) também é membro da comissão que analisa o tema.

Registro da vacina

Se a vacina apresentar eficácia de no mínimo 70% nesta fase três, ela deverá fazer parte de um pacote de registro que será avalizado no final deste ano. Com análises e estudos científicos uma vez concluídos, o próximo passo seria efetuar o registro a nível mundial para que a imunização possa ser feita em humanos de um modo geral.

Além do Reino Unido, os demais países também precisam proceder com o registro em caráter emergencial e, caso já a tenham comprado, começariam a aplicá-la nos pacientes.

A fase três de testes mostra que pesquisadores já passaram da fase de análise clínica e também já testaram em animais. A mesma vacina produzida em parceria pelo governo brasileiro e a universidade britânica já foi usada em ratos, furões e macacos. Todos os testes, até o momento, foram aprovados.

Renan Bortoletto e Diane Lourenço 

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