A comissão mista de acompanhamento das medidas do Governo Federal relacionadas ao coronavírus (Covid-19) realizou audiência pública extraordinária na sexta-feira (13). O colegiado se reuniu após suspensão pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) dos estudos clínicos em seres humanos da vacina chinesa Coronavac no Instituto Butantan.
O órgão notificou a suspensão logo após ter acontecido o que chamaram de “evento adverso grave não esperado”, quando um voluntário que participava do estudo faleceu. O relator Francisco Jr (GO) disse que é preciso esclarecer os fatos à população.
“Vivemos uma polarização ideológica que dificulta o diálogo e a busca por soluções, além de ferir a confiança da população. A comunicação institucional ajuda a reduzir tensões e restaurar a normalidade com rapidez. Como se avalia a tomada de decisão aos testes da vacina? Houve interferência política?”, questionou Francisco Jr.
O diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, concordou que a comunicação institucional deve ser precisa. “As decisões são tomadas por comitê técnico independente, que não recebe interferência da diretoria e presidência do órgão. Sobre a comunicação que determinou a suspensão, tão logo recebemos informações dos setores competentes, a anuência para prosseguir os testes foi dada.”
Francisco Jr também buscou esclarecimentos sobre a produção das vacinas para imunização da população. “Quantas vacinas são necessárias neste primeiro momento? Qual a real capacidade do Instituto Butantan para confecção das vacinas? Será preciso importar vacinas para completar a imunização da população? Os estudos clínicos da Coronavac em outros países também está sendo compartilhado com o Butantan?”
O diretor do Instituto Butantan, Dimas Tadeu Covas, destacou que os centros de pesquisa são pautados na busca pela ciência e ética médica. “Neste momento, a imunização será de 30 milhões de pessoas dos grupos de risco. Para atingir a imunidade ideal precisaríamos de 80% da população, ou seja, 360 milhões de pessoas imunizadas em duas doses. O Butantan já tem em curso 46 milhões de doses e até maio de 2021 teremos 100 milhões disponíveis no Ministério da Saúde. Obviamente outras vacinas precisarão ser incorporadas.”
Atualmente, o Brasil está analisando quatro vacinas através de instituições de pesquisa. Dessas, duas são da farmacêutica chinesa: a Coronavac e a Sinovac. Além da Universidade de Oxford (AstraZeneca), da Pfizer (BioNtech) e a da Johnson & Johnson (Janssen).
A Comissão Mista encerrará os trabalhos em dezembro deste ano, quando acaba a vigência do decreto de calamidade pública no país. Francisco Jr apresentará o relatório da comissão final com base nos dados apresentados ao longo dos debates realizados na comissão.
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Diane Lourenço