Felipe Amorim Do UOL, em Brasília
O deputado Marcos Rogério (PDT-RO), relator do processo no Conselho de Ética contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), não deverá fazer a leitura de seu parecer na sessão desta terça-feira (16), apesar de o processo constar na pauta da reunião da comissão.
Segundo o presidente do conselho, José Carlos Araújo (PSD-BA), Rogério lhe pediu mais 24 horas de prazo para a apresentação de seu relatório, tempo que seria necessário para a análise de “novos elementos” que foram acrescentados na denúncia contra o peemedebista.
A reunião desta terça-feira ainda está em andamento. O conselho tem nova reunião marcada na quarta-feira (17).
Na semana anterior ao Carnaval, o PSOL apresentou ao conselho uma petição para que fosse considerado no processo contra Cunha os depoimentos de empreiteiros investigados na Operação Lava Jato que supostamente revelariam novas contas não declaradas do peemedebista na Suíça.
Era esperado que Rogério fizesse nesta terça-feira a leitura do parecer. Ele já se pronunciou favoravelmente ao prosseguimento do processo. Nesta fase, o conselho avalia apenas se há elementos ou não para a continuidade da investigação.
Cunha é suspeito de ter recebido propina do esquema de corrupção na Petrobras investigado pela Lava Jato e de ter omitido à Câmara a existência de contas na Suíça. O deputado nega as acusações.
Um primeiro parecer de Rogério a favor da investigação foi aprovado no dia 15 de dezembro, por 11 votos a 9, mas a sessão que aprovou o relatório foi anulada por decisão do 1º vice-presidente da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA).
O deputado Carlos Marun (PMDB-MS), aliado de Cunha, apresentou uma questão de ordem para que os fatos apresentados pelo PSOL não sejam aceitos no processo. O pedido ainda não foi julgado pelo Conselho de Ética.
O PSOL também sustenta que Cunha mentiu à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras quando disse não ter recebido em sua casa, no Rio, o delator da Lava Jato Fernando Soares, o Baiano, apontado como operador do PMDB no esquema de corrupção na estatal.
O advogado de Cunha no conselho, Marcelo Nobre, afirmou que as novas denúncias do PSOL são baseadas em reportagens jornalísticas, o que não é aceito pelo Conselho de Ética, segundo argumentou o advogado. Ele também negou intenção protelatória nos recursos da defesa. “Direito de defesa não é manobra”, disse.