O deputado Reinhold Stephanes (PR) participou, nessa terça-feira (3), de audiência com o ministro da Agricultura, Neri Geller, e representantes das associações de avicultores do Paraná e Santa Catarina. O objetivo foi buscar a intermediação do Ministério para interlocução com as empresas integradoras, uma vez que os produtores afirmam estarem perdendo as condições de manter suas granjas.
Lisa Mara Netipanyj, presidente da Associação dos Avicultores do Planalto Norte Catarinense e sul Paranaense (AAPLA), informou que a rentabilidade dos produtores caiu de uma média de R$ 74 mil para R$ 35 mil nos últimos três anos. “Não temos como honrar dívidas ou manter nossas propriedades e as empresas integradoras sequer aceitam conversar”, destacou.
Emir Tezza, presidente da Associação dos Avicultores do Sul Catarinense (Avisul) acrescentou que 83% dos produtores estão endividados e que, desses, 20% já respondem por processos para a execução das dívidas. “Estamos com medo e precisamos que o Ministério olhe por nós. Acreditamos que é necessário estabelecer um preço médio para a remuneração dos produtores, mas nosso poder de negociação com as empresas integradoras é praticamente nulo”.
Stephanes lembrou que as integradoras estimularam a produção e com o aumento da oferta acabaram por baixar o valor pago aos avicultores. Por outro lado, segundo ele, “o número de integradoras diminuiu gerando uma concentração que leva à cartelização e até mesmo ao monopólio”.
“Institucionalmente, é preciso que alguém assuma o comando desse processo para harmonizar a relação. Nossa sugestão é que sejam criados conselhos, coordenados pelo Ministério da Agricultura, que tornem transparentes os custos de produção e ajudem a remunerar adequadamente o produtor, gerando equilíbrio no mercado”, complementou o parlamentar.
Neri Geller se comprometeu a convocar as empresas integradoras para tentar uma negociação, mas adiantou que não há como determinar um preço médio de repasse aos avicultores. O ministro também deve marcar uma reunião com o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Paulo Rogério Caffarelli, para discutir uma possível renegociação das dívidas.
Raquel Sacheto