Os deputados Reinhold Stephanes (PR) e Eliene Lima (MT) afirmaram que a falta de políticas específicas prejudicam diariamente o setor sucroenergético. Os parlamentares participaram de audiência pública, nessa quarta-feira (28), na Comissão de Minas e Energia (CME), que debateu os efeitos positivos do uso do etanol sobre a economia, o meio ambiente e a saúde.
Stephanes afirmou que o governo não tem nenhuma política definida de médio e longo prazo para produção de etanol. “Sabemos que sua utilização é menos poluente que a dos combustíveis fósseis, mas o que realmente precisamos é estabelecer uma política de preço. O etanol não pode ficar dependente do que a Petrobras ou o governo pensam no que diz respeito à administração do preço do petróleo. Por meio de uma política de impostos ou de incentivos é possível melhorar a perspectiva de preço também”, justificou.
Eliene Lima destacou que a falta de uma política que favoreça o segmento fez com que muitas usinas fossem fechadas ou vendidas. “Tenho visitado as usinas de álcool e açúcar do meu estado e todas estão com dificuldades exatamente porque o governo fortalece os combustíveis fósseis. Com isso, o etanol, que foi um modelo inicialmente estimulado, é deixado de lado. Temos que fazer pressão, cobrar do governo uma política diferenciada para o setor”.
O professor Marcos Favas Neves, da Universidade de São Paulo, revelou um estudo que destaca as mudanças sofridas pela atividade de 2008 a 2014. Segundo ele, houve queda de 62% na rentabilidade industrial e de 75% no faturamento das empresas de insumos industriais, além de aumento de 38% no endividamento. Neves disse ainda que, em 2008, 29 novas unidades industriais entraram em operação, enquanto, em 2013, foram somente duas e, em 2014, nenhuma.
Para Neves, a possibilidade de crescimento do setor foi uma das maiores oportunidades desperdiçadas pelo país. “Entre os desperdícios podemos citar a perda de potencial exportador do etanol e do açúcar, que registrou crescimento no consumo mundial de mais de 10% no período e a explosão do consumo de gasolina e das importações, afetando desnecessária e gravemente a balança comercial e a Petrobras”.
Jaque Bassetto