O discurso proferido pelo líder do PSD, Eduardo Sciarra (PR), na quinta-feira (11), criticando a decisão do governo brasileiro de apoiar o afastamento do Paraguai do Mercosul, ganhou destaque internacional nessa segunda-feira (16). O “Diario ABC”, do Paraguai, enfatizou o peso da opinião do político brasileiro e lembrou a importância de um bom relacionamento entre os países.
“Não foi correta a forma como o governo brasileiro pressionou o Paraguai, desafiando a legislação local, em uma tentativa equivocada de dizer ao país como aplicar sua própria Constituição”, afirmou Sciarra ao jornal. “Foi um ato de hostilidade sem necessidade e complicou a relação entre os países”.
Em janeiro do ano passado, após a destituição do então presidente Fernando Lugo, Brasil, Argentina e Uruguai suspenderam, temporariamente, o Paraguai do bloco. A medida abriu brecha para a entrada da Venezuela, governada pelo então presidente Hugo Chaves. “O interessante é que o próprio Lugo acatou prontamente a decisão do Congresso paraguaio de destituí-lo”, ponderou o líder do PSD.
Sciarra criticou ainda a revisão do Tratado de Itaipu, em 2011, que elevou de U$ 120 milhões para U$ 360 milhões a quantia anual paga pelo Brasil aos paraguaios pela cessão de energia da Hidrelétrica de Itaipu Binacional. Segundo ele, a medida foi prejudicial para os interesses brasileiros e em nada melhorou a opinião dos paraguaios sobre o país. “Pela importância de Itaipu no nosso abastecimento de energia, a negociação de valores afeta diretamente a economia brasileira”, justificou.
Ele cobrou maior seriedade diplomática com o país vizinho. “Como maiores sócios do Paraguai na América do Sul, vamos acabar arcando sozinhos com os custos de nossas decisões e correremos, ainda, um enorme risco de prejudicar os interesses estratégicos da região”, defendeu. Em 2012, o Brasil importou U$ 988 milhões do país vizinho.
Na sexta-feira (12), o atual presidente paraguaio, Horácio Cartes, recusou convite para voltar ao Mercosul, reforçando a insatisfação do país com o bloco comercial.
Luís Lourenço