Matriz energética de maior duração e vista como alternativa de economia para o consumidor frente aos altos preços praticados pela gasolina e pelo etanol, o uso do diesel para abastecimento de veículos leves ganhou apoio no Congresso Nacional. O deputado Evandro Roman (PR) defendeu, nesta quinta-feira (26), a possibilidade de oferecer aos motoristas mais um combustível fóssil.
O parlamentar, que é relator da matéria, participou de audiência pública da comissão especial que analisa o Projeto de Lei 1.013/11 e viabiliza o uso do diesel em automóveis leves. “O carro elétrico já está aí para competir com o etanol e a gasolina, o que considero um processo natural. Com mais essa possibilidade, vai prevalecer o direito de escolha do consumidor. Se hoje você gasta R$ 0,50 para rodar uma certa distância com carro a gasolina ou álcool, com diesel cai para R$ 0,15 o quilômetro rodado”, comparou Roman.
O deputado ressaltou que o Brasil está atrasado em relação a países vizinhos e até mesmo da Europa. “Na Argentina, já existem carros leves movidos a diesel há muito tempo. Se temos veículos movidos à gasolina, etanol, biodiesel, ou até mesmo os híbridos, por que não oferecer mais essa opção?”, questionou.
Para Roman, o fato de boa parte do diesel usado no Brasil ser importado da Índia e do Oriente Médio não afeta a concorrência e muito menos torna o mercado dependente. “É mais barato importar o barril de petróleo, que custa em média 40 dólares, do que tentarmos tirar do pré-sal a um custo superior a 60 dólares. O custo final é menor do que se fôssemos produzi-lo aqui”, ponderou.
Gerente executivo da área de abastecimento do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), Ernani Filgueiras, apontou alguns problemas na oferta do diesel para veículos leves. “A importação é um grande problema. Uma crise na Índia ou no Oriente Médio pode comprometer o abastecimento. Ainda que boa parte da nossa gasolina seja importada, temos um produto que a substitui: o etanol.”
Para ele, o esvaziamento do etanol no mercado poderia provocar sérios problemas na economia brasileira, já que o Brasil é um dos maiores produtores de cana-de-açúcar. “O programa do etanol gera emprego e renda. Diminuir esse consumo drasticamente e optar pela importação do diesel pode afetar a cadeia produtiva”, completou.
Roman rebateu as afirmações e negou a queda na produção do etanol. “A adição de 7% de etanol no litro do diesel diminui significantemente o teor de enxofre queimado. Se essa mistura chega a 15%, por exemplo, conseguimos evitar em até 75% a liberação de poluentes.” Para ele, há uma resistência natural quanto à oferta de novos combustíveis fósseis. “É uma adaptação, mas costumo dizer que precisamos sair da zona de conforto.”
Renan Bortoletto