Revista Época | Primeiro Plano: Expresso

Expresso – POR MURILO RAMOS

Dobradinha

Juntos e misturados

O doleiro Lúcio Funaro tinha o hábito de gravar suas conversas e entregas de dinheiro apolíticos e operadores. Pôr colecionar tantas provas, mantinha, antes de ser preso, o desejo de realizar rima espécie de delação conjunta com o presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. Funcionaria assim: Eduardo contaria como os acertos das propinas eram feitos e Funaro entregaria os documentos. Ou seja, Funaro mostraria todo o caminho do dinheiro.

Missivistas

Funaro guarda cartas redigidas pelo ex-ministro Delfim Netto e pelo investidor Naji Nahas afirmando que eles não pressionaram a família Schahin, com quem Funaro tinha uma disputa judicial bilionária, a realizar pagamentos ao doleiro. A família Schahin acusa Funaro de extorsão. Funaro é ligadíssimo a Delfim e Nahas.

Sabe tudo

Nelson Mello, outro pivô da Sépsis e ex-lobista da Hypermarcas, era extremamente bem relacionado em Brasília, em especial com políticos do PMDB. A sintonia era tanta que ele chegou a alugar uma casa que fora ocupada por Renan Calheiros.

Cadê?

Desde que a J&F passou a ser objeto das investigações, o lobista Ricardo Saud desapareceu dos eventos badalados de Brasília. Saud era o braço direito de Joesley Batista no Planalto Central.

Magoou

Delator da Lava Jato, Fábio Cleto, um dos pivôs da Operação Sépsis, trabalhou por um bom tempo no escritório de Lúcio Funaro, em São Paulo. Funaro chegou a passar o currículo de Cleto para políticos em Brasília, não só para Eduardo Cunha. Nos últimos tempos, Funaro e Cleto colecionavam desavenças.

Rio 40 graus

As investigações derivadas da Lava Jato no Rio de Janeiro estão quentes, quentíssimas, pelando.

Dedo em riste

Petistas não entendem bem por que o delator Alexandre Romano, o Chambinho, preserva Jilmar Tatto, ex-deputado federal e secretário da prefeitura de São Paulo, na Lava Jata Ex-líder do governo Dilma, José Guimarães disse a interlocutores só ter atendido Chambinho a pedido de Tatto. Procurado, Tatto diz não ter ideia se pediu para Guimarães atender Chambinho.

Caça-petista

Michel Temer escalou os auxiliares para desempenhar uma tarefa curiosa: caçar simpatizantes do PT escondidos no governo. A cada suspeita, os auxiliares do peemedebista busca por registro de filiação e monitora até as redes sociais. O nome dos encontrados param na mesa do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, para exoneração.

Sedução

Petistas querem convencer Ciro Gomes a desistir de concorrer à Presidência em 2018 pelo PDT. Gostariam que ele disputasse como vice de Lula, prometendo-lhe a cabeça da chapa em 2022. Ciro tem comentado que não cai nessa porque o PT é um partido que só consegue ter candidato próprio.

Aposta

Políticos do PSD dizem que a legenda é uma das poucas a contar com candidato certo para as eleições de 2018: Henrique Meirelles. Se a economia deixar de patinar, as chances de Meirelles aumentam. Isso lembra muito Fernando Henrique Cardoso no governo de Itamar Franco.

Trava-língua – Escaldado

Após ter conversas ao telefone grampeadas na Lava Jato, o ex-presidente Lula está econômico nas palavras. Um de seus interlocutores mais frequentes diz que arrancar algo de Lula, agora, requer dois trabalhos: fazê-lo falar e entender o que está falando. “Até aquelas brincadeiras sumiram”, diz.

Vinho doce

Mesmo atolada em dívidas, a Oi não economizava ao tentar agradar às autoridades do governo. Alguns diretores da Agência Nacional de Telecomunicações; a Anatel, que o digam. Receberam, no ano passado, caixas com garrafas do vinho português Pêra-Manca. A depender da safra, a garrafa sai por mais de R$ 2 mil. Um dos diretores que receberam o regalo, Otávio Luiz Rodrigues Júnior, devolveu o presente e fez questão de pegar um recibo para comprovar a devolução.

Ligação direta

Formalmente, o BNDES está vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, mas a presidente do banco, Maria Silvia Bastos, quase nunca fala com o ministro da Pasta, Marcos Pereira. Já para Henrique Meirelles, da Fazenda, são várias ligações semanais.

Não me ligue

O grupo de Whatsapp criado pelos secretários da Fazenda – chamado Ajuste Fiscal Inevitável – foi a forma com que os auxiliares de Henrique Meirelles encontraram para evitar telefonemas. Eles acertaram que só podem se ligar nos finais de semana para falar de trabalho se o mundo estiver desabando. Ou se Meirelles mandar, claro.

Apressadinho

Se topar encarar (e vencer) a disputa pela presidência da Câmara, Rogério Rosso vai entrar num seleto clube. Desde a Proclamação da República, apenas quatro deputados de primeiro mandato comandaram a Casa. O último foi em 1946.

Mimo aéreo

O empresário Abílio Diniz só completará 80 anos no final de dezembro, mas o presentão que comprou para si já voa por aí. Trata-se de um jato executivo Gulfstream G 650, avaliado em mais de R$ 200 milhões.

Linha cruzada

Para levar sua recuperação judicial adiante, a Oi precisará pagar, até o mês de agosto, um débito de R$ 17 milhões de uma de suas subsidiárias inscrito na dívida ativa da União. Parece pouco dinheiro para uma empresa gigante como a Oi, mas não é. A companhia estima um rombo de R$ 7 bilhões entre 2016 e 2018.

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