Grande parte dos concursos públicos no Brasil exige que o candidato se prepare fisicamente. Os chamados exames de aptidão física, que somam pontos junto às questões técnicas e dissertativas, são mais comuns em carreiras ligadas à área da segurança pública. Muitos aprovados em concurso técnico e físico, no entanto, fazem o caminho inverso: se preparam para as provas físicas e, uma vez aprovados, deixam de lado a prática esportiva.
Por conta disso, tramita na Câmara uma proposta (PL 478/18) de autoria do deputado Danrlei de Deus (RS) que prevê avaliação periódica de desempenho físico de servidores estáveis e ocupantes de cargos públicos que já exigiam no edital testes de aptidão física para ingresso na carreira.
A ideia é dar respaldo jurídico para que os próprios órgãos ou entidades públicas regulem a periodicidade e os critérios para avaliação do trabalhador. “Deve ser levado em conta a qualidade dos trabalhados realizados, a produtividade no desempenho das atribuições e a aptidão física do servidor”, justificou o parlamentar.
A matéria, apresentada este ano, ainda será analisada pelas comissões da Câmara antes de ir a debate no Senado Federal. Os testes para avaliar o servidor deverão, segundo a proposta, obedecer ao solicitado quando do ingresso na carreira. Exames toxicológicos também farão parte da avaliação.
A proposta diz também que o funcionário público perderá o cargo se for reprovado em duas avaliações consecutivas. O mesmo deverá ser comunicado da data dos testes com, no mínimo, 15 dias de antecedência. Caso não seja aprovado no teste, o servidor poderá requerer, uma única vez, a realização de novo teste no prazo de 15 dias.
“Se no momento do ingresso no serviço público o servidor tem condições físicas para exercer as atribuições do cargo, é evidente que, nos anos subsequentes, o exercício dessas mesmas atribuições também exigirá a manutenção de sua aptidão física, justificando-se sua aferição nas avaliações periódicas de desempenho”, concluiu Danrlei.
Candidatos aprovam medida
Michel Dias Barbosa, 29, é profissional de Educação Física. Há três anos ele presta concursos na área da segurança pública e está acostumado às exigências físicas das provas. Para ele, a proposta garante que os aprovados estejam em plenas condições de desempenharem suas funções.
“Seria muito incoerente um policial militar, por exemplo, ter dificuldade em imprimir uma corrida quando se deparar com um infrator”, argumentou.
Uma vez aprovado em concurso cuja prova física é exigida, Barbosa não quer perder o ritmo. Para isso, garante que vai seguir com a rotina de academia pelo menos quatro vezes na semana.
“Vou manter meu pensamento, pois qualidade de vida está associada com bom desempenho no trabalho. Inclusive acredito que isso estimula o profissional a se cuidar mais.”
A estudante Gisele Austria de Vargas, 26, se prepara para o concurso da Polícia Federal. A prova física será um dos obstáculos a serem vencidos para o ingresso na carreira, mas ela aprova a avaliação contínua. “Concordo plenamente. Muitos servidores passam nos testes de aptidão física e depois esquecem de manter o preparo físico, o que é de suma importância para a carreira”, disse.
Para manter o físico em dia e chegar preparada para as provas, Gisele tem cuidados diários com o corpo, o que inclui boa alimentação e atividades físicas. “Assim que passar no concurso vou manter e até intensificar os cuidados, já que é necessário um bom condicionamento para desempenhar as atividades do dia a dia.”
Renan Bortoletto