Procurador da Lava Jato parabeniza projeto anticorrupção

“A reunião foi muito produtiva. Foram mantidas as medidas para que sejam fechadas as brechas na lei por onde escapam os corruptos”. Essa foi a análise do procurador da república e coordenador da força tarefa da Operação Lava-Jato, Deltan Dallagnol, sobre o encontro que reuniu hoje (14) parlamentares e membros do Ministério Público na Câmara. O grupo fez uma revisão das 18 medidas anticorrupção (PL 4.850/16) apresentadas na semana passada pelo relator Onyx Lorenzoni (DEM-RS).

O presidente do colegiado, o pessedista Joaquim Passarinho (PA), ressaltou que a análise minuciosa de todos os itens é necessária para que a proposição não tenha erros jurídicos na redação final. “O Ministério Público veio a convite da comissão. Fizemos um pente fino, analisando artigo por artigo, para evitar interpretação dúbia e ajustar o texto e as penalidades. Nós ouvimos as ponderações para aperfeiçoar o texto”, explicou o parlamentar durante coletiva de imprensa.

Foi retirado do texto o item 18 que previa que juízes e membros do Ministério Público também poderiam responder por crime de responsabilidade. “Nós não nos recusamos a discutir o projeto de lei de abuso de autoridade. Mas, em razão da sensibilidade desse momento histórico em que grandes investigações caminham – e existem reações – nós nos preocupamos que isso venha a trazer retrocessos no combate a corrupção”, destacou Dallagnol.

Para a retirada do item 18 do projeto, outros dois argumentos foram analisados: a falta de decoro que pode, segundo o procurador, dar margem à ambiguidade, e a pena aplicada para os casos de quebra de decoro por membros do judiciário que seriam, de acordo com o texto, penalizados com desligamento da instituição.

CAIXA DOIS

Para o procurador Deltan Dallagnol, apesar de já existir previsão legal para criminalizar o caixa dois, a comissão fez um bom trabalho em não permitir anistia para crimes já cometidos. “Existe um princípio constitucional que impede que novas penas maiores sejam aplicadas para crimes pretéritos. O que o projeto faz é criminalizar com uma pena maior o caixa dois praticado a partir de agora, sem criar qualquer espécie de anistia.”

A criminalização com efeitos penais para quem praticar o caixa dois foi incluída no texto do projeto.  Está previsto no relatorio final que aplicação de pena para os casos de dinheiro de origem lícita, com previsão de 2 a 5 anos de prisão. A sugestão é de que partidos políticos sejam também responsabilizados.

Na quarta-feira (16), o colegiado da Comissão Especial das Medidas Anticorrupção volta a discutir o relatório final.

Diane Lourenço

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