Ao acompanhar os trabalhos da CPI que investiga irregularidades no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), nesta segunda-feira (27), o vice-líder do PSD Joaquim Passarinho (PA) questionou a movimentação de milhões de reais, em dinheiro, por empresas investigadas pela Polícia Federal (PF) na Operação Zelotes.
“Quem anda com pagamentos de milhões em dinheiro na mão? Isso não existe. Não é porque você é advogado que você anda com essa quantia em ‘cash’. É algo incompatível. Está mais que provado que temos que parar essa sangria”, cobrou o parlamentar durante a audiência pública que ouviu dois acusados de envolvimento em compra de sentenças do Conselho.
Entre os investigados ouvidos pelo colegiado, está o ex-procurador da Fazenda Nacional, Wagner Pires de Oliveira; e o ex-auditor da Receita Federal, Agenor Manzano. Ambos já indiciados pelas investigações da PF.
Manzano é apontado como um dos intermediários do esquema de pagamento de propina em troca de decisões favoráveis a empresas multadas pela receita federal. O ex-auditor também é sócio da empresa de lobby SBS e pai do ex-conselheiro do Carf, Leonardo Manzano, que é genro do ex-presidente do conselho, Otacílio Cartaxo, também investigado na Operação Zelotes.
Outro questionamento do pessedista foi a ligação familiar de conselheiros e ex-conselheiros do Carf com empresas que prestam consultoria jurídica ao órgão. “Tem ex-conselheiros que colocaram seus filhos para serem conselheiros, tem também pessoas da Receita Federal que colocaram filhos no órgão e criaram escritórios para atuarem junto ao Carf. Isso tem que ser regulamentado.”
PRORROGAÇÃO PRAZO
Passarinho também criticou o prazo de 15 dias dado pelo presidente em exercício da Câmara, Waldir Maranhão, para prorrogação das investigações da CPI. “Acho que isso é um desserviço à nação, porque o que nós estamos fazendo é tentar desvendar toda essa teia que existe aí. Existem várias pessoas para serem ouvidas ainda. Nós do PSD já apresentamos diversas propostas ao relator para que o órgão possa servir efetivamente a população e não a alguns escritórios de advocacia corruptos.”
Diane Lourenço