Governo comemora aprovação da PEC do teto de gastos no Senado
BRASÍLIA Diante do agravamento da crise política, com a cúpula do governo e do PMDB arrastados para o centro da Lava-Jato e com baixa popularidade, o presidente Michel Temer não cogita renunciar ao cargo. Apesar da posição de integrantes da base aliada, caso do senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), que defendeu nesta terça-feira “gesto maior” de Temer abrindo mão de seu mandado, o peemedebista trabalha para garantir normalidade a sua gestão.
O presidente não pensa em renúncia. Sabia que teria muita dificuldade para governar. O projeto dele é resgatar o país, não quer aplauso nem reconhecimento fácil disse ao GLOBO um auxiliar presidencial.
Este interlocutor comentou ainda que a baixa popularidade de Temer ajuda na tomada de medidas polêmicas, como a PEC do teto de gastos, aprovada nesta terça-feira, e a reforma da Previdência, que deve ser feita para dar uma nova perspectiva de crescimento ao país. Quanto à antecipação das eleições, no Palácio Planalto, a medida é vista como “complexa”. Mesmo que haja um acordo entre os partidos, disse um auxiliar de Temer, uma proposta de emenda constitucional tem uma tramitação lenta. A eleição ocorreria, pelos cálculos de governistas, no fim de 2017. E ainda teria que se discutir como separar as eleições dos governadores, deputados e senadores, ou se elas também seriam antecipadas.
Num posicionamento inusitado, o senador Ronaldo Caiado disse no plenário do Senado que não se deve ter medo da antecipação da eleição presidencial:
Podemos chegar ao último fato, que é, para preservar a democracia, ter um gesto maior de poder e mostrar que ninguém governa sem apoio popular. E nessa hora não podemos ter medo de uma antecipação do processo eleitoral disse Caiado.
Nesta terça-feira, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), também defendeu a renúncia do presidente e a antecipação da eleição presidencial de 2018.
Estamos defendendo a renúncia do presidente Temer o mais rápido possível, porque ele perdeu a legitimidade, as condições políticas para continuar. E fazermos eleições diretas o mais rapidamente possível. Eleição presidencial apenas é a maneira de conquistarmos algo disse Humberto Costa, alegando que eleições gerais seriam mais complicadas.
Parlamentares da base governista na Câmara estão receosos da repercussão negativa da proposta de antecipação da eleição presidencial, feita por Caiado. O líder do PSD na Câmara, Rogério Rosso (DF), pediu cautela aos defensores da ideia por causa do momento delicado do país.
O momento é de equilíbrio e serenidade. Precisamos ter cautela para não customizar a Constituição em momentos de instabilidade política e institucional ponderou Rosso.
PEC DO TETO
O governo comemorou a aprovação da PEC do teto de gastos pelo Senado por 53 votos a favor e 16 contra. A proposta será promulgada na próxima quinta-feira pelo presidente do Senado, Renan Calheiros.
Interlocutores presidenciais afirmaram que o número de votos não interferiu na vitória. Na votação do primeiro turno do projeto pelos senadores o placar foi em mais largo a favor do governo, 61 votos.
O quorum estava mais baixo. Isso não muda nada para o governo. O que importa é a vitória e não o número de gols disse um auxiliar do presidente.
Simone Iglesias