Líderes partidários fizeram acordo para votar mudança no Congresso; PT vai obstruir
BRASÍLIA – Líderes partidários confirmaram, em reunião nesta segunda-feira, que o desgaste envolvendo o ministro afastado do Planejamento, Romero Jucá, não afetará a votação da nova meta fiscal, de R$ 170,5 bilhões, marcada para esta terça-feira às 11h. O PT prometeu obstruir a votação do Congresso, mas mesmo a oposição admite que há maioria folgada para votar a revisão da meta fiscal. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), já garantiu que haverá sessão amanhã.
Líder do governo na Câmara, o deputado André Moura (PSC-SE) disse que um “problema de governo” não deve influenciar votações que já estavam planejadas:
– Não afeta em nada, nós não podemos permitir que um problema de governo afete o trâmite do que já estava no planejamento aqui nosso na Câmara e no Congresso.
Para o deputado Baleia Rossi (SP), líder do PMDB na Casa, votar a nova meta dará mais credibilidade ao governo interino de Michel Temer e à equipe econômica do peemedebista. A equipe sofreu uma baixa hoje, com o afastamento do cargo de Romero Jucá, ministro do Planejamento, um dos principais interlocutores do governo interino com o Congresso.
– A votação da nova meta fiscal será um sinal importante para dar ainda mais credibilidade ao governo e à equipe econômica que tem o desafio de superar a crise – disse Rossi.
O PT, agora na oposição, promete obstruir a votação da meta fiscal. O líder do partido na Câmara, Afonso Florence (BA), defende a votação da meta antiga, de R$ 96 bilhões, defendida pelo governo da presidente afastada Dilma Rousseff.
– Vamos encaminhar a obstrução. Existe uma proposta de meta com justificativa substantiva, de R$ 96 bilhões de déficit, e ela tem uma fundamentação. A receita tem que se realizar para o futuro, e esse incremento de previsão de déficit, com previsão de frustração de receita futura, e ainda com proposta de desvinculação da saúde, consideramos desnecessária – criticou.
Líderes dos partidos que integram o chamado Centrão – entre eles PP, PSD E PTB – garantem apoio total à votação da nova meta fiscal.
– Tem que votar, claro, é importante. Como reduzir a meta? A mulher pedalou e caiu. Vamos aprovar a mudança da meta. O presidente Temer precisa disso – disse o líder do PTB, Jovair Arantes (GO).
– É uma matéria importante. Temos que votar, vamos votar os ajustes – afirmou o líder do PP, Aguinaldo Ribeiro (PB).
O deputado Rogério Rosso (DF), líder do PSD, também defendeu a votação para dar normalidade aos trabalhos do Legislativo:
– Ela deve ser votada tendo em vista a urgência da matéria para o país.
O líder do PV na Câmara, deputado Evandro Gussi (SP), avisou que a bancada votará a favor das medidas de ajuste do governo Temer. Nesta segunda-feira, a Executiva Nacional do PV decidiu deixar a base aliada do governo Temer e atuar com independência. Na Câmara, o PV tem seis deputados.
– Nós estaremos onde sempre estivemos: a bancada dará apoio ao ministro Sarney Filho (Meio Ambiente) e ao governo Temer nesse momento de reconstrução nacional. A meta é importante, precisamos de realismo – afirmou o líder do PV.
Mesmo reafirmando a disposição de enfrentar a votação amanhã, nos bastidores líderes admitem que a revelação da gravação envolvendo Romero Jucá e a possibilidade de mais gravações vierem à tona torna mais complicada a tarefa de amanhã. Mas que a determinação é enfrentar o debate, mostrar serviço e aprovar a nova meta.
Leticia Fernandes