Para petista, fato de oposição não ter chegado a 2/3 dos votos mostra dificuldade de alcançar quota mínima no plenário BRASÍLIA
Derrotados na Comissão Especial do impeachment, governistas correm agora contra o tempo para garantir que a oposição não atinja os 342 votos necessários para aprovar o impedimento da presidente Dilma Rousseff na Câmara neste fim de semana. O parecer pró-impeachment foi aprovado pelo colegiado na noite de ontem por 38 votos a 27.
“Temos até domingo, faltando meio minuto, para convencer os companheiros”, afirmou o deputado Sílvio Costa (PT do B-PE), vice-líder do governo.
Para os governistas, o fato de a oposição não ter chegado a dois terços dos votos na comissão mostra a dificuldade de alcançar ao número mínimo de votos a favor do impeachment no plenário. “Hoje eles riem, amanhã eles choram”, disse o petista Wadih Damous (RJ).
Em raciocínio contrário, o líder da minoria na Câmara, Mendonça Filho (DEM-PE) disse que “a tendência vai ser ampliar a margem no plenário”. O deputado afirmou que a oposição contabilizava 35 votos a favor do relatório e comemorou que a vantagem tenha sido maior.
O relator da comissão, Jovair Arantes (PTB-GO), comemorou a aprovação de seu parecer. “Já saio como herói após essa votação do parecer”, afirmou o deputado. “Estamos tranquilos que, no plenário, teremos mais de 342 votos pelo impeachment.”
O presidente da comissão, deputado Rogério Rosso (PSD-DF), alegou que votou a favor da admissibilidade do processo
por acreditar que Dilma precisa explicar as questões fiscais ao Senado, caso o processo passe pelo plenário da Câmara.
Cunha também disse que esperava o resultado. “Resultado não tem que achar nada, resultado é resultado. Pelo que vocês falavam na imprensa era (esperado)”, afirmou. “Não tem nenhuma surpresa até agora”, declarou.
Senado. O resultado da votação na comissão da Câmara repercutiu também no Senado. O presidente do PSDB, Aécio Neves (MG), apontou fragilidade da defesa apresentada pela presidente. “O resultado demonstra a fragilidade da defesa. Por maiores que tenham sido os esforços dos que a defenderam, é impossível defender o indefensável”, afirmou. De acordo com ele, Dilma cometeu crime de responsabilidade e, por isso, terá a admissibilidade de seu processo de afastamento aprovado.
O líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE), defendeu que o resultado da comissão não é uma representação fiel do plenário da Câmara. “A comissão não necessariamente reflete a posição do plenário. Não dá para fazer tuna transposição mecânica e dizer que se o governo teve 40% na comissão, vai ter 40% no plenário. Mas também não dá para dizer que o governo não tem condições de ter um terço no plenário. Eu acho que o governo tem condições, sim.” /
DANIEL CARVALHO, DAIENE CARDOSO, LUCIANA NUNES LEAL, IOOR GADELHA, JULIA LINDNER â ¢ ISABELA BONFIM