A política, sabemos, é dinâmica. Até 2 de fevereiro, data marcada para a eleição da presidência da Câmara, muita coisa vai acontecer, mas O Antagonista elenca tudo o que você precisa saber sobre a disputa até aqui:
– Os candidatos, por ora, são Rodrigo Maia (DEM), Rogério Rosso (PSD), Jovair Arantes (PTB) e André Figueiredo (PDT). Maia está surfando. Com folga.
– Rememorando: Maia ganhou as eleições, em julho do ano passado, para um mandato-tampão de seis meses após a queda de Eduardo Cunha. Teve o apoio da situação (liderada por DEM e PSDB) e de partidos da antiga oposição (PT e PCdoB) para derrotar Rosso, o nome do Centrão à época, no segundo turno.
– Por estar em um mandato-tampão, em tese, Maia não poderia se candidatar agora. André Figueiredo e Jovair Arantes, ambos candidatos, já acionaram o STF, que terá de se posicionar, também em tese, levando em conta os aspectos jurídicos.
– Há uma tendência de que o Supremo não se meta: e é essa a aposta de Rodrigo Maia (e de todos os que o apoiam). Ainda assim, o atual presidente contratou juristas para elaborarem pareceres favoráveis à sua recondução.
– Rodrigo Maia tem, hoje, ao seu lado quase todos os que votaram nele em 2016 (situação e oposição) e, na semana passada, começaram a se consolidar apoios vindo de partidos bastante representativos do Centrão, como o PP, o PR e até o próprio PSD, do candidato Rogério Rosso.
– Boa parte do Centrão está migrando para a candidatura de Maia em troca de promessas de cargos na Mesa Diretora da Câmara. Mas a conta não fecha: não há vaga para tanto apoio.
– O que explica, então, a significativa vantagem de Maia? Michel Temer e o Palácio do Planalto, por mais que neguem, o apoiam. O presidente, inclusive, desmarcou a viagem ao Fórum Econômico de Davos para acompanhar a eleição na Câmara (e também no Senado).
– A recondução de Maia faz parte do projeto da tal “governabilidade”. Ou seja, “tocar o barco” no Congresso neste ano, sem muitas turbulências. Temer conta com o democrata para dar continuidade “de maneira acelerada” às reformas, como a da Previdência.
– Outro episódio que deixa clara a interferência do Planalto foi a escolha (ainda não oficializada) de Antonio Imbassahy (líder do PSDB na Câmara) para a Secretaria de Governo, no lugar de Geddel Vieira Lima. Por quê? Havia um acordo, no ano passado, segundo o qual Imbassahy (ou Carlos Sampaio, também tucano) se candidataria à presidência da Câmara neste ano, aliás, com o apoio de Maia.
– Vale lembrar que Rodrigo Maia conduziu a sessão daquela madrugada fatídica de 2016, no fim de novembro, em que a Câmara desconfigurou o projeto das Dez Medidas: para nós, foi um escândalo; para Maia, era o que faltava para conquistar o “respeito” dos pares.
– O Centrão rachou. O grupo ensaiou lançar candidato único, chegou a anunciar “primárias”, mas terá dois nomes: Rogério Rosso (sem a benção de Gilberto Kassab, presidente de seu partido) e Jovair Arantes, do PTB. André Figueiredo, do PDT, é (no papel) “o candidato da oposição”, mas aparece como coadjuvante nessa história toda.