A CPI que investiga a máfia das órteses e próteses no Brasil ouviu, nesta terça-feira (26), depoimentos de fornecedoras desses produtos. O deputado Fábio Mitidieri (SE) solicitou, oralmente, a quebra do sigilo bancário dos depoentes, das empresas que representam e de seus respectivos e-mails. O pedido será formalizado na próxima quinta-feira (28), durante reunião deliberativa do colegiado.
O parlamentar afirmou que os esclarecimentos prestados na reunião não o convenceram e que em seu entendimento as declarações foram uma farsa. “Um cidadão que está neste mercado há 27 anos afirmar que desconhece qualquer tipo de prática desleal é uma mentira deslavada. As empresas que ele representa são fruto de investigação da Polícia Federal e ele desconhece a máfia? Solicitamos todas as notas fiscais de compra e venda para podermos identificar o tamanho real do lucro dessa empresa.”
Mitidieri também criticou os convocados que apresentaram liminar concedida pelo Supremo Tribunal Federal liberando-os dos depoimentos. “Solicitar um habeas corpus preventivo para fugir da audiência é ter culpa no cartório.”
Ele afirmou ainda que a audiência apontou avanços significativos nas investigações do colegiado. “Vamos dar uma resposta à sociedade. Além de criar um marco regulatório das órteses e próteses, vamos punir aqueles que cometem ilicitudes, seja médico, hospital ou fornecedor.”
O representante da Síntese Comércio Hospitalar, Orlandir Paula Cardoso, negou qualquer relação com a formação de cartel ou recebimento de propina em suas vendas. Ele alegou que os valores são negociados com os convênios e explicou que os preços também variam de acordo com as localidades devido a gastos com transporte.
Junior Cesar Gusson, da Gusson Equipamentos Médicos e Hospitalares, declarou não ter contrato direto com médicos, apenas com empresas e hospitais. “Nosso principal cliente é a Unimed e as tabelas de preços variam de acordo com a região.”
Carola Ribeiro