Ainda que o Brasil seja considerado o país do futebol, a realidade dos clubes de formação de atletas mostra um cenário reverso. A falta de infraestrutura, os direitos da criança e do adolescente, que devem ser garantidos pelo Estado, e a influência de empresários que visam o lucro financeiro foram alguns dos temas debatidos durante audiência pública realizada, nesta quinta-feira (14), na Comissão de Esporte (Cespo), a pedido do deputado Fábio Mitidieri (SE).
O parlamentar afirmou que o futebol está cada vez mais carente de jogadores de qualidade, fato que ele também atribui às péssimas condições oferecidas pelos alojamentos dos clubes nas divisões de base. “Hoje, os clubes não querem mais investir na formação de atletas e o resultado é um futebol cada vez mais decadente. Temos que passar por um processo de modificação de regras, de leis, não só no futebol, mas no esporte como um todo”, disse.
Mitidieri ressaltou que o nível do esporte no país está bem abaixo do que é observado na Europa, por exemplo. Para ele, os resultados aliam tecnologia e investimento. “Muitos clubes deixaram de ter a categoria sub-15 pela dificuldade que é fazer futebol no mercado atual. Ou mudamos esse cenário ou vamos matar nossas divisões de base e, consequentemente, piorar a qualidade do esporte.”
O colegiado também debateu a atuação dos empresários que, desde muito cedo, prometem transformar a criança e o adolescente em atletas promissores. “O empresário deveria ser parceiro dos clubes e muitas vezes é, mas na divisão de base ele é um mal. Falo daquele empresário que alicia jovens e promete levá-los para a Europa e, no fim, é tudo mentira. Infelizmente apenas 1% dos que estão nas escolinhas vão se tornar profissionais e, desse 1%, apenas 84% vão receber até R$ 1 mil”, acrescentou o parlamentar.
Renan Bortoletto