Após abandonar comissões do governo, entidades médicas prometem ações na Justiça e novos protestos contra o “Ato Médico” e o “Programa Mais Médicos”. Amanhã, a categoria vai suspender o atendimento de consultas, exames e cirurgias programadas, das 7h às 19h. Nos dias 30 e 31, vão ocorrer novas paralisações e, no dia 8 de agosto, haverá a Marcha à Brasília, saindo de todas as capitais brasileiras. Deixaram as comissões do governo a Federação Nacional dos Médicos, a Publicidade Associação Médica Brasileira, o Conselho Federal de Medicina, a Associação Nacional do Médicos Residentes e as 56 especialidades médicas que pretendiam discutir com as autoridades.
O Conselho Federal de Medicina entrou com ação civil pública na sexta-feira pedindo a suspensão do Programa Mais Médicos. A ação deve ser distribuída hoje a uma das Varas da Justiça Federal. Ainda nesta semana, outras entidades representantes da categoria pretendem ingressar com ações no Superior Tribunal de Justiça. Caso não haja resposta satisfatória, irão recorrer à justiça estadual e os sindicatos locais prometem apelar à justiça do trabalho. Ações de inconstitucionalidade serão impetradas através do CNTU, Conselho Nacional dos Trabalhadores Universitários Regulamentados.
O presidente da Federação Nacional dos Médicos, Geraldo Ferreira Filho, disse que o rompimento se deve à insensatez do governo em não ouvir reivindicações já muito antigas. Ele detalha o objetivo das manifestações programadas para os próximos dias em todo o país. (Ouça o áudio). A lei que regulamenta o exercício da Medicina, o chamado Ato Médico, foi sancionado neste mês pela presidenta Dilma Rousseff, com vetos. O texto aprovado estabelece atividades privativas dos médicos e as que poderão ser executadas por outros profissionais de saúde. O vice-presidente da Câmara dos Deputados, André Vargas (PT) disse que a Comissão Mista vai analisar os vetos à lei na primeira semana de agosto. Ele explica que o governo visa atender mais de 700 municípios sem médicos.
Já o deputado Eleuses Paiva (PSD) afirma que o programa Mais Médicos coloca em risco a saúde da população de baixa renda. O deputado Eleuses Paiva lembra da luta pela autonomia das universidades na década de 80, após um passado de repressão. O parlamentar considera arbitrariedade mudar o currículo de uma profissão através de MP, ato unilateral do Executivo. A reportagem da Jovem Pan procurou o Ministério da Saúde que, até o momento, não respondeu ao pedido de entrevista.