O deputado federal Irajá Abreu (PSD-TO) presidiu audiência pública conjunta
das Comissões de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e de Educação
e Cultura para discutir o projeto de lei 3056/2008 que propõe a instituição
das unidades de preservação do patrimônio cultural brasileiro.
Irajá Abreu, relator da matéria na Comissão de Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável (CMADS), fez questionamentos ao diretor do
departamento de patrimônio material e fiscalização do IPHAN (Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), Andrey Rosenthal Schlee, que
participou da audiência.
O deputado afirmou que considera a iniciativa do projeto legítima, mas que
sua aplicação é inviável e deu como exemplo prático a dificuldade de
viabilizar unidades de conservação no Tocantins.
“De todo o território do Estado do Tocantins 50% são áreas de preservação
permanente e reservas indígenas, somente 50% da área do Estado está
disponível para ser utilizada para atividades econômicas. Atualmente as
atividades produtivas correspondem a sete milhões de hectares ocupando
somente 25% do território, muitas áreas de reserva ainda dependem de
regularização cartorial e fundiária e pagamento de indenizações, ou seja
estão no papel, mas não estão de fato regulamentadas”, afirma.
Na opinião do deputado Irajá Abreu o projeto de lei 3056/2008 é
inconstitucional porque dispõe sobre o que já foi deliberado pelo texto da
Constituição Federal que garante a proteção das manifestações das culturas
populares, indígenas e afro-brasileiras, e de outros grupos participantes
do processo civilizatório nacional.
“A legislação vigente já dispõe de um instrumento que pode ser aplicado
para proteger comunidades tradicionais não indígenas e quilombolas,
estabelecido no artigo 225 da Constituição Federal, além disso, não há
previsão orçamentária para a demarcação e indenização das áreas
desapropriadas e também para oferecer condições básicas de infra-estrutura,
educação e saúde para essas pessoas”, afirmou o deputado.
Irajá Abreu enfatizou ainda que é importante refletir sobre os conflitos
existentes em todo o país em torno da delimitação de reservas e unidades de
conservação. A aprovação do projeto abriria precedentes para incentivar
disputas territoriais e judiciais envolvendo propriedades rurais privadas
produtivas com prejuízos para os produtores rurais e a economia nacional.
Ao final da audiência pública Irajá Abreu realizou a leitura do parecer
contrário ao projeto de lei e afirmou que a elaboração da matéria poderia
ser aperfeiçoada com a participação da equipe técnica do IPHAN.
Cláudia Peixoto
Assessora de imprensa do dep. Irajá Abreu