“A situação hídrica de São Paulo está se agravando. Enganar a população dizendo que o problema vai se resolver é muito preocupante”. A afirmação foi feita pelo deputado Guilherme Campos (SP), líder em exercício do PSD, nesta quinta-feira (13), em audiência pública que discutiu a postura adotada pelo governo do estado diante da crise de abastecimento registrada em vários municípios.
O deputado convocou a reunião na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio (CDEIC) para escutar os representantes dos órgãos envolvidos e tentar encontrar uma solução para o problema. Porém, dos nove convidados, apenas a procuradora Regional da República, Sandra Akemi Shimada e o diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu Guillo, participaram do debate. Nenhum representante do estado compareceu. “Esse descaso é uma prática recorrente”, destacou Campos.
De acordo com Guillo, o nível do sistema Cantareira chegou a operar, pela primeira vez, com menos de 5% da capacidade. “Infelizmente, as chuvas não estão ocorrendo e a operação dos reservatórios sem medidas mais restritivas aumenta significativamente os riscos no futuro.”
Segundo ele, a agência vê necessidade de tornar mais transparente a condição hídrica do estado para a população. “Mensagens que levam a avaliação de que já houve superação da crise porque estamos no período de chuvas são desmobilizadoras da necessidade de se reduzir o consumo de água. Somente um dilúvio poderá mudar a situação caso medidas de controle não sejam adotadas.”
A procuradora Sandra Akemi afirmou que 12 inquéritos civis públicos e quatro ações civis já foram impetrados para apurar as responsabilidades da crise hídrica. “Gestores e sociedade precisam dialogar, assim como é preciso adotar medidas de contingenciamento.”
Para Campos, o diagnóstico apresentado não é pessimista, mas, sim, realista. “A administração paulista tenta vender um cenário otimista. A realidade, no entanto, não nos permite pensar em algo que não passe por uma restrição ao uso da água cada vez mais acentuada, além da realização de obras emergenciais. A situação é catastrófica.”
Verônica Gomes