Pulverização de candidaturas entre aliados pode provocar racha na base.
Após cargo ficar vago, nova eleição deve ser realizada em até 5 sessões.
A expectativa sobre a possível cassação do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), cuja votação no plenário é estimada para julho, deflagrou a corrida pela presidência da Casa.
Há pelo menos dez nomes cotados, a maior parte dentro da própria base aliada do governo, para ocupar o mandato-tampão até fevereiro de 2017, quando acabaria o mandato de Cunha.
Nos bastidores, a preocupação principal do Palácio do Planalto é haver um racha na base aliada por conta da fragmentação de candidaturas. Diversos líderes de partidos governistas relataram ao G1 o apelo do governo do presidente em exercício, Michel Temer, de buscar manter a unidade dentro da base, essencial para conseguir a aprovação de matérias na Câmara.
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Como a eleição para a sucessão de Cunha não envolverá a formação de chapas para preencher outros cargos da Mesa Diretora, ficaria mais fácil para candidatos avulsos se lançarem.
Pelo regimento interno, se o cargo de presidente ficar vago, novas eleições têm que ser convocadas no prazo de cinco sessões.
O chamado Centrão, bloco parlamentar informal que reúne os principais partidos que dão sustentação ao governo Temer na Câmara, tenta emplacar um nome. Um dos mais cotados é o líder do PSD, deputado Rogério Rosso (DF), que ganhou notoriedade ao presidir a comissão especial do impeachment na Câmara e é próximo a Cunha.
Rosso nega que seja candidato e desconversa dizendo que, só quando o cargo ficar vago, é que os partidos irão analisar os nomes. Ele reconhece, porém, a preocupação em evitar um racha entre os aliados. “A base do presidente Temer está muito consciente de que deve continuar com sua unidade caso a vacância seja declarada, disse.
Outro cotado para a sucessão é o líder do PTB, Jovair Arantes (GO), que foi relator nacomissão do impeachment na Câmara. Ambos, porém, podem decidir ficar de fora deste pleito de olho na eleição de 2017, quando será escolhido o presidente da Câmara para ummandato de dois anos.
Ainda na base aliada, uma ala do PMDB defende que, por ser o maior partido com representação na Câmara, a vaga deveria ficar com a legenda. Um nome aventado é do presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Osmar Serraglio (PMDB-PR).
Nos corredores, os deputados Giacobo (PR-PR), que é o 2º-vice-presidente da Câmara, e Beto Mansur (PRB-SP), que é 1ª-secretário, também têm articulado suas candidaturas. A vantagem no caso deles é que podem negociar a sua atual vaga em troca de apoio.
Integrante de um dos partidos mais próximos de Cunha, o deputado Carlos Manato (SD-ES), que é o corregedor da Câmara, também é citado entre os interessados na disputa.
Partidos como o PSDB e o DEM, que ocupam ministérios no governo Temer, têm seus próprios nomes. O líder tucano, Antonio Imbassahy (BA), é o mais forte dentro da sigla. Entre os democratas, há Rodrigo Maia (RJ) e José Carlos Aleluia (BA).
Temos que buscar convergências o máximo possível, pois se trata de eleger o presidente da Casa, que não pode ser apenas de um agrupamento, pondera.
Um dos principais adversários de Eduardo Cunha, o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) é outro nome cotado nos bastidores e que poderia eventualmente ter o apoio de partidos que agora estão na oposição.
O PT, por exemplo, diz que só apoiará um deputado se ele assumir o compromisso público de adotar uma postura isenta na presidência da Câmara. Embora considere difícil, o líder do PT, Afonso Florence (BA), não descarta uma aliança momentânea com algum outro grupo para conseguir barrar a vitória de alguém do Centrão.
Vamos tentar construir um nome dentro do bloco da Minoria. Se houver uma aliança foram, será muito circunstancial, diz Florence.
Já o PSOL, que também faz oposição ao governo Temer, estuda lançar um candidato próprio para marcar posição. O líder da sigla reconhece que as chances de ganhar são mínimas, uma vez que a bancada tem apenas seis parlamentares.
No primeiro turno, é bem provável que o PSOL vá com uma candidatura próprio e um programa próprio. Não para ter votos, mas para demarcar campo e também se descolar da corrupção, afirmou Ivan Valente (SP).