Mesmo distante, Cunha ainda tenta manter a influência na Casa.
Aliados dizem que ele quer manter Maranhão como presidente interino.
A Câmara dos Deputados decidiu que Eduardo Cunha, do PMDB do Rio, vai manter benefícios da Presidência da casa, mesmo com o mandato suspenso pelo Supremo Tribunal Federal. O presidente da Câmara está afastado, mas na residência oficial a movimentação não para. Na última quinta-feira (12), Eduardo Cunha esteve com Jovair Arantes, do PTB, e Rogério Rosso, doPSD, que comandaram a comissão do impeachment na Câmara. Deputados da base do novo governo e até aliados de Eduardo Cunha dizem que mesmo afastado da Presidência da Câmara e do mandato, ele continua se movimentando, articulando para tentar manter sua influência política. Quer, por exemplo, que o aliado Waldir Maranhão, do Partido Progressista, continue na Presidência Interina e trabalha até mesmo para emplacar um nome de sua preferência na liderança do governo: Andre Moura, do PSC. Cunha e Moura são investigados juntos em um inquérito da Lava Jato. O presidente em exercício, Michel Temer, prefere Rodrigo Maia, do Democratas. Ele está afastado das suas funções de presidente da Câmara e também do cargo que ele ocupada de deputado federal, portanto ele não poder ter nenhum tipo de ingerência, na Câmara e sobretudo, na direção dos trabalhos na Câmara. Ele mantém essa postura, porque há ainda grupos de parlamentares que seguem a sua orientação, afirma o deputado líder do partido Pauderney Avelino (DEM-AM). No Conselho de Ética, a rotina também não mudou. Um aliado de Cunha, João Carlos Bacelar, do PR, tentou na quinta-feira (13) suspender o processo. Alegando que Cunha já foi afastado pelo Supremo Tribunal Federal. O relator, Marcos Rogério, do DEM, reagiu na hora. Sequer a renúncia ao cargo de deputado federal impede o prosseguimento de processo que vise ou possa levar a perda de mandato, não podendo o mero afastamento constituir óbice à continuidade dos atos processuais, afirmou o deputado Marcos Rogério (DEM-RO). E, nesta sexta-feira (13), a Câmara decidiu que Eduardo Cunha vai manter a maioria dos benefícios que tinha como presidente, inclusive a verba de gabinete pessoal de R$ 92 mil para pagar o salário dos funcionários e mais residência oficial da Presidência. Salário integral, quase R$ 34 mil, avião da Força Aérea Brasileira, carro oficial, assistência médica e segurança. Só não terá direito à cota de atividade parlamentar de quase R$ 36 mil e nem ao auxílio-moradia de R$ 4.200. O primeiro secretário da mesa, deputado Beto Mansur, do PRB, justificou. Nós aguardamos o ato daquilo que a presidente Dilma que foi afastada do cargo terá, porque ela é chefe de um poder e nós fizemos uma simetria com o presidente Cunha, que é chefe de um outro poder que também está afastado, afirma o primeiro secretário.
Eduardo Cunha declarou que não está articulando nada, que não cabe a ele querer que Waldir Maranhão permaneça ou não na presidência na Câmara e que não indicou e nem indicará ninguém a postos no governo.
Correção: O deputado que tentou, na quinta-feira (12), suspender o processo contra Eduardo Cunha é João Carlos Bacelar, do PR. O texto foi atualizado.