O impeachment Reação
Divulgada como se fosse de apoio a Dilma, lista de 186 nomes inclui deputados pró-impeachment
Um dos signatários, Domingos Sávio (PSDB) disse ter sido enganado por deputada do PC do B que colhia assinaturas
Sob articulação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, deputados aliados da presidente Dilma Rousseff protocolaram nesta quinta-feira (14) na Câmara o pedido de criação de uma frenteparlamentar “em defesa da democracia” com 186 assinaturas de deputados que seriam contra o impeachment
A lista começou a ser elaborada há pelo menos três semanas, desde que Lula chegou a Brasília para comandar as articulações, mas antes de algumas debandadas importantes da base do governo, como a do PP e do PSD.
Por isso, o documento conta com nomes que já se declararam abertamente a favor do impeachment, como o deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG), e até mesmo de parlamentares dos oposicionistas DEM e PSDB, maiores articuladores do afastamento da presidente.
O delegado Éder Mauro (PSD-PA), por exemplo, está entre os deputados que aparecem como signatários da lista, mas declara-se pró-impeachment e afirma não ter assinado o documento.
Mesmo assim, o ex-presidente insistiu na publicação da lista nesta quinta como parte da ofensiva final do Planalto em tentar mostrar que, apesar de “bastante difícil”, o jogo não está perdido.
O anúncio da criação da frente foi feito pela deputada Luciana Santos (PC do B-PE), que na quarta (13) se reuniu com Lula no hotel onde ele está hospedado. Além dos 186 deputados, há assinaturas de 30 senadores.
“Ninguém vai ter número fechado agora, o que podemos garantir é que eles não terão os dois terços (342 votos] necessários [para o impeachment]. Falam em efeito manada, mas aqui não tem boi, não tem gado, isso é uma bobagem. Mesmo os partidos que anunciaram desembarque têm uma dissidência enorme”, disse outra deputada do PC do B, Jandira Feghali (RJ).
Segundo a Folha apurou, pela manhã. Lula disse a deputados do PT e do PC do B que eram necessárias mais de 172 assinaturas para publicar o documento. Caso contrário, era melhor deixar a ideia de lado. Isso porque 172 é o número de votos (ou abstenções) que o governo precisa ter no plenário da Câmara no domingo para barrar o impeachment de Dilma Rousseff.
A divulgação da lista gerou bate-boca entre parlamentares que resultou no encerramento da sessão que ocorria no plenário da Câmara.
O deputado Domingos Sávio (PSDB-MG), que aparece como um dos subscritos da frente parlamentar, rasgou em plenário cópia do documento, em meio a uma discussão entreparlamentares pró e contra o impeachment.
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ENGANADO
Sávio disse ter sido enganado pela deputada Luciana Santos porque subscreveu o documento da frente acreditando que se tratava de uma iniciativa para debater a democracia, e não que seria divulgada como apoio a Dilma.
Sávio é um dos maiores defensores, no PSDB, do impeachment da presidente e prometeu representar contra a colega no Conselho de Ética da Câmara. “O que nós vimos foi um uso antiético, eu diria mais, má fé, de uma deputada do PC do B”, reclamou o tucano, (Ranier Bragon, Débora Alvares, Aguirre Talento e Marina Dias)