Durante debate realizado entre os candidatos à Vice-Presidência da República em agosto de 2010, Michel Temer afirmou que o PMDB apoiaria Dilma mesmo que o partido não ocupasse nenhum cargo no governo.
Debatendo ao lado dos candidatos a vice Indio da Costa (da chapa encabeçada por José Serra), hoje deputado federal pelo PSD-RJ, e Guilherme Leal (da chapa de Marina Silva), Temer teve que se defender, por diversas vezes, de acusações de fisiologismo do PMDB, que se transformou em um dos temas centrais do encontro.
“Não há fisiologismo, não há troca de cargos. No próximo governo é possível que o PMDB não tenha nenhum cargo, e mesmo assim nós vamos colaborar, porque teremos a Vice-Presidência”. disse. “Vocês sabem que não há governo municipal ou estadual que não chame os partidos para governar. É saudável para a democracia”.
“É a presidente eleita quem vai chamar os partidos e dizer ‘Vou dar isso’, ou ‘Não vou dar nada’. O que o PMDB vai fazer é colaborar. O PMDB repudia essa coisa do fisiologismo”, afirmou Temer.
Ele comparou a possibilidade de o PMDB assumir cargos no governo ao parlamentarismo alemão. “Ninguém fica chocado quando a Angela Merkel ganha a eleição e chama os partidos“.
GERENTE
Durante o debate, Índio questionou a capacidade gerencial de Dilma, e perguntou a Guilherme Leal, controlador da Natura, se ele a contrataria como gerente de sua empresa. Leal respondeu: “Tenho minhas dúvidas”.
Temer riu da provocação e saiu em defesa da presidente. “O Leal e o Índio não contratariam a Dilma como gerente. Tenho a sensação de que o povo brasileiro está querendo contratá-la para presidente. Aí a vontade soberana do povo se sobrepõe às vontades individuais”, respondeu.
Dilma havia acabado de faltar a um debate promovido por emissoras católicas, e por isso foi criticada por Índio e Leal, que questionaram a sua ausência. Foi novamente defendida por Temer. “O que Dilma mais faz é debater. Ela só debate, o tempo todo”, afirmou.
CONSTITUINTE
Outro grandes tema do debate foi a realização de uma Constituinte exclusiva para a reforma política. Leal defendeu a ideia, ao passo que Temer a criticou. “Não há clima no país para uma Constituinte exclusiva”, disse o vice.
Em 2013, em resposta às manifestações populares que tomaram conta das ruas do país, a presidente Dilma Rousseff propôs um plebiscito sobre a realização de uma constituinte para uma ampla reforma política que “ampliaria a participação popular e os horizontes da cidadania”.
Menos de 24 horas depois, o Palácio do Planalto recuou da ideia. Um dos principais articuladores da desistência foi o vice-presidente Michel Temer, que afirmou que a proposta era “inviável”.
Ao final do debate, Índio associou o PT às Farc, e afirmou que a eleição de Dilma poderia levar ao cerceamento da liberdade de imprensa. Temer negou as acusações, afirmando que não havia “viabilidade” de controlar a imprensa.