A decisão de Teori Zavascki, ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) de afastar Eduardo Cunha do mandato de deputado federal instalou um clima de balbúrdia na Câmara dos Deputados, com múltiplas reuniões, declarações, análises, mas poucas certezas. Embora o afastamento não resulte em novas eleições e leve Waldir Maranhão (PP-MA) para a cadeira de Cunha, a permanência do deputado do PP no comando da Casa também é considerada incerta.
Aliados de Cunha e integrantes da oposição mantiveram intenso contato na manhã desta quinta-feira (5). Nos bastidores, sobram críticas a Teori, a quem acusam de promover uma interferência inconstitucional na cúpula de outro Poder.
Alguns mais exaltados, como o deputado Alberto Fraga (DEM-DF), defendem manifestações públicas de repúdio e resistência. Outros, que o plenário da Câmara seja chamado para chancelar ou não a decisão definitiva do STF.
Mas a avaliação corrente até mesmo nesse grupo é de que é próxima de zero a chance de uma movimentação política relevante de confronto com o STF e em defesa de Cunha.
A esperança deles é que no julgamento da tarde desta quinta o plenário da corte reveja pelo menos a suspensão do mandato.
“Sobre o afastamento da presidência, bato palmas, o ministro já devia ter feito isso há muito tempo. Agora, suspensão do mandato só o plenário da Câmara pode decidir. É uma agressão ao Poder Legislativo”, disse Onyx Lorenzoni (DEM-RS), que não é próximo a Cunha.
MARANHÃO
Aliado de Cunha, mas ligado ao governador Flávio Dino (PC do B-MA) e contrário ao impeachment de Dilma Rousseff, Maranhão é visto por deputados como um político frágil política e administrativamente. Além disso, é um dos investigados na Operação Lava Jato.
Se agir alinhado com Cunha em sua interinidade será alvo de todos aqueles que hoje pedem a saída do peemedebista. Se fizer o contrário, será alvo da grande base de políticos alinhados ao até a madrugada desta quinta presidente da Câmara.
Nesta quinta Maranhão encerrou a sessão da manhã sob protestos de deputados anti-Cunha, que promoveram uma sessão informal, com microfones desligados, sob a “presidência” de Luiza Erundina (PSOL-SP). Pressionado, decidiu que irá reabri-la na tarde desta quinta.
Pelo entendimento da área técnica da Câmara, a suspensão de Cunha não resulta em novas eleições porque não há vacância do cargo. Mas deputados que falaram com o peemedebista dizem que, em último caso, ele pode renunciar ao cargo de presidente para forçar, aí sim, uma eleição em até cinco sessões –e tentar emplacar um aliado.
Jovair Arantes (PTB-GO), André Moura (PSC-SE), Hugo Motta (PMDB-PB) e Rogério Rosso (PSD-DF) estão entre os cotados.