Quase metade (47%) das mulheres no Brasil não sabem se terão dinheiro para comprar comida no dia seguinte. Entre os homens essa proporção é bem menor: 26%. O fenômeno é novo e tem nome: “feminização da fome”, que sugere o brutal impacto que a pandemia da Covid-19 teve nas mulheres no mercado de trabalho.
O termo foi utilizado pela primeira vez em levantamento do Centro de Políticas Sociais da FGV Social, que analisou, após cruzar dados de 160 países, que o número de mulheres brasileiras sem dinheiro para ir ao supermercado é seis vezes maior que a média mundial.
Integrante da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara dos Deputados, Fábio Trad (PSD-MS) foi à tribuna da Casa para fazer um alerta à crescente desigualdade de gênero e pedir urgência na aprovação de políticas públicas que reduzam a situação de vulnerabilidade no País.
“Não é difícil de entender por que a situação de insegurança alimentar é tão mais grave entre as mulheres. Quando tem emprego, ganham, em média, 70% do salário dos homens. Durante o período mais grave da pandemia, foram as primeiras a sofrer com o desemprego e são as que mais ocupam trabalhos informais, pois perdem a capacidade laboral para ficar em casa cuidando da família”, lamentou o parlamentar.
Mulheres chefes de família
Ele ressaltou, também, o fato de que quase metade (47,8%) dos lares brasileiros são chefiados por mulheres, o que significa que elas são inteiramente responsáveis por botar comida na mesa, pagar aluguel, comprar material de colégio para os filhos.
Em sua fala, Fábio Trad também citou dados de uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP), feita nos primeiros meses da pandemia, que revela que a ansiedade, o estresse e a depressão atingiram bem mais o público feminino.
“Nos quadros de ansiedade, 34,9% de mulheres, contra 4% de homens; de estresse, 37% das mulheres, ante 4,8% dos homens. E de depressão, 40% das mulheres e 6% dos homens”, comparou o parlamentar, que fez um apelo ao Plenário para uma maior celeridade na aprovação de políticas públicas que estimulem a inclusão das mulheres no mercado de trabalho.
Microcrédito
Trad citou o Projeto de Lei 1629/21, da deputada Tia Eron (Republicanos-BA), que ele relatou e foi aprovado na Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher.
“O texto altera a Lei 10.735/03 e prioriza as mulheres responsáveis pelo núcleo familiar na obtenção de recursos destinados ao microcrédito. A aprovação desse projeto aqui na Câmara seria um importante passo para a autonomia financeira das mulheres, que chefiam metade dos lares no Brasil. Mas isso depende também da boa vontade do governo federal”, finalizou.
Assessoria de Comunicação do deputado Fábio Trad