“Entre as principais queixas da população, 83%, segundo pesquisa Ibope, são sobre a ineficiência do setor de saúde. Cerca de 13 mil leitos foram fechados nos últimos três anos. Muitas vezes o paciente do SUS [Sistema Único de Saúde] precisa de uma determinação judicial para conseguir internação em hospitais privados porque a saúde pública não possui leito de terapia intensiva”. A afirmação foi feita pelo vice-líder do PSD, deputado Eleuses Paiva (SP), nesta quarta-feira (4).
O parlamentar participou de audiência pública promovida pela Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF), que recebeu o ministro da Saúde, Arthur Chioro, para prestar esclarecimentos sobre os contratos de trabalho dos médicos cubanos do Programa Mais Médicos, as diretrizes prioritárias da pasta e as iniciativas de combate à AIDS entre os jovens.
Eleuses defendeu enfaticamente a criação da carreira de Estado para médicos. “Temos que dar condições de trabalho, remuneração adequada e trazer médicos para o serviço público. A partir do momento que se cria carreira semelhante à do Ministério Público garantimos as condições para suprir essa carência existente no sistema público de saúde”.
Para Chioro, a criação da carreira pode ser prejudicada por não possuir número de candidatos suficientes para um concurso, como o de procuradores, por exemplo. Ele rebateu críticas de parlamentares em relação ao regime trabalhista dos médicos cubanos. “Eles ocupam as áreas que os brasileiros rejeitaram. O programa é uma medida emergencial. Na França, por exemplo, contrataram médicos romenos para atuar em áreas em que os franceses recusaram. Aqui no Brasil, os municípios carentes, as tribos indígenas e as populações ribeirinhas estão satisfeitos com o atendimento”.
Eleuses informou que vai propor um novo debate para ouvir esclarecimentos do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre suposto superfaturamento no setor. “90% dos gastos do Mais Médicos não foram aprovados pelo tribunal. Há especulações também sobre os gastos das UPAs [Unidades de Pronto Atendimento]. É importante que esses dados cheguem ao conhecimento da sociedade”, concluiu.
Carola Ribeiro