O deputado Delegado Éder Mauro (PA) voltou a citar a desagregação familiar, a falta de políticas públicas para jovens e o envolvimento com o crime e drogas como causas principais do elevado índice de morte na faixa etária dos 15 aos 29 anos. Ele participou de audiência pública, nesta terça-feira (12), na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre a violência contra jovens negros e pobres. “Se não combatermos essas três causas vamos perder nossa juventude.”
O colegiado ouviu Edson Cardoso, professor, jornalista e militante da igualdade racial. Segundo Éder Mauro, o expositor colocou o racismo e o envolvimento policial como pontos de atenção para justificar as mortes de jovens. “Com relação ao racismo, concordo que a sombra ainda vive entre nós. E sei que medidas devem ser tomadas. Punir aqueles que realmente encontram na cor uma forma de achar que um igual é menor. Já, quanto à polícia, não posso concordar. Atuei 30 anos nas ruas e nunca considerei o homem de cor como criminoso. Posso garantir que crimes envolvendo a polícia representam casos isolados”, defendeu Éder Mauro.
Cardoso enfatizou que o que sucumbe a juventude negra é o racismo. “A sociedade foi educada para atribuir valor à pele branca. E para mudar essa realidade, temos que compreender que somos envolvidos por uma ideologia, por uma representação da sociedade que exclui essas pessoas. Não vamos avançar se não formos capazes de mudar o modo como representamos a humanidade entre nós. Esse é o desafio”, afirmou.
Ele destacou ainda que existe uma representação privilegiada de um tipo de brasileiro em detrimento dos outros e que isso repercute na área de segurança pública. “É preciso compreender que quando um soldado mata, o faz porque tem autorização para isso, porque é um ato de consenso da sociedade que, ao mesmo tempo, não quer discutir esse tema”, concluiu.
Jaque Bassetto