Depois de discutirem, na última terça-feira, por mais de quatro horas e não chegarem a um consenso, os deputados se reuniram novamente nessa quarta-feira (16) e, mesmo com opiniões divergentes, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Violência contra Jovens Negros e Pobres aprovou o relatório final.
Na opinião do deputado Delegado Éder Mauro (PA), que apresentou voto em separado, o relatório fugiu das causas principais do seu objetivo. “O documento não obedeceu exatamente sua programação, não localizou casos reais suficientes sobre o assunto. Não tivemos a oportunidade de reivindicar junto aos responsáveis às soluções cabíveis, e assim, diminuir o número de mortes dos jovens negros no Brasil”.
O parlamentar ressaltou que há um erro muito grave no texto, quando se enfatiza a violência policial como causa única da mortalidade dos jovens negros e esquecem outros aspectos sociais. “O policial de bem, que trabalha por amor, não mata por racismo. A força policial não é treinada para isso. O policial sai da sua casa, deixa sua família e apenas cumpre seu dever de agente público”. Éder defende uma força policial com mais recursos e melhor capacitação.
Ainda na avaliação de Éder Mauro, a afirmação sobre a existência de genocídio de jovens negros no país é incoerente. “A falta de políticas públicas, ambientes familiares destruídos, o pouco investimento em educação, a falta de incentivos nas atividades esportivas são as causas reais desse problema social, não o racismo”.
Uma das soluções proposta pelo deputado é oferecer cursos técnicos para os jovens, escolas em tempo integral para os adolescentes em risco, além de políticas de integração nas periferias das cidades.
O relatório final sugere a aprovação de 16 projetos de lei e oito Propostas de Emendas à Constituição (PECs) que citam mecanismos de combate à violência contra a juventude negra no Brasil.
Bruna Marques