O papel das mídias alternativas na sociedade brasileira foi tema de debate promovido, nessa terça-feira (17), pela Comissão de Cultura (CCULT). O colegiado convidou para a audiência pública o ativista cultural do Coletivo Fora do Eixo, Pablo Capilé, e o jornalista da Mídia Ninja, Bruno Torturra. O deputado Dr. Paulo César (RJ) afirmou que, para representar as pessoas, estas mídias são tão importantes quanto os partidos políticos.
“Acompanhamos, via redes sociais, que no Norte, Nordeste, e em outros estados que estes militantes querem renovar seus deputados e também valorizar a cultura local, pois não se sentem representados pelo Parlamento e nem se veem na TV. A grande mídia contrata atores que fogem do estereótipo do brasileiro. Então, eles divulgam os acontecimentos sem estarem presos a nenhum dogma de governo e promovem eventos culturais gratuitos ou com preços acessíveis. Por meio da internet, sem qualquer interferência ou manipulação realizam seus trabalhos”, defendeu.
O parlamentar propôs mais estímulos, como por exemplo, a destinação de mais recursos por parte do governo federal e do Congresso para que novas mídias independentes possam surgir. “Entendo que essas pessoas não são capitalistas e muitas vezes são julgadas como subversivas e comunistas. O fato é que precisam de recursos para poder desempenhar suas atividades”.
Dr. Paulo César disse que caso esses recursos sejam liberados, as pequenas mídias deverão prestar contas como qualquer grande mídia, mas informou que o Tribunal de Contas da União (TCU) comete injustiças na análise das prestações de conta.
“O TCU é muito mais rigoroso na prestação de contas de pequenos veículos e produtores culturais, do que nas grandes mídias. Acredito que a melhor forma do Congresso estimular esses serviços é fiscalizando para que esses recursos cheguem até a ponta e se disseminem nos circuitos culturais, nas mídias sociais de forma clara”, pontuou.
Fora do Eixo e Mídia Ninja
Segundo Pablo Capilé, o Fora do Eixo promove eventos culturais financiados por editais do governo [Fundo de Apoio à Cultura e/ou Lei Rouanet] ou por meio de captação de recurso com empresas. O grupo conta também com a colaboração dos participantes que hoje somam cerca de dois mil integrantes espalhados por todo o Brasil.
Bruno Torturra, afirmou que após as manifestações populares de junho e julho de 2013, a Mídia de Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação (Mídia Ninja) ganhou mais visibilidade. “O grupo propõe um modelo de jornalismo mais simples, sem uma estrutura textual ou edição. Os repórteres divulgam os fatos por meio de celulares e smartphones, em tempo real”..
Carola Ribeiro