De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mulheres que fazem o uso de anticoncepcionais contendo drospirenona, gestodeno ou desogestrel (substâncias encontradas nas pílulas) têm risco de 4 a 6 vezes maior de desenvolver uma trombose em um período de um ano. Os números têm alertado o público feminino, que cada vez mais procura outros métodos contraceptivos para evitar a gravidez e seguem à risca a orientação de um médico especialista.
Com o aumento no número de casos da doença, o deputado Fábio Trad (MS) apresentou na Câmara proposta (PL 10043/18) que adverte quanto ao uso de contraceptivos hormonais combinados. Ele quer que a embalagem contenha a seguinte mensagem: “Não é recomendável o uso contínuo deste medicamento por pessoas com histórico familiar de trombofilia. Existem riscos de tromboembolismo, embolia pulmonar, trombose cerebral, trombose venosa profunda e acidente vascular cerebral.”
A matéria ainda será analisada pelas comissões da Câmara antes de ir ao Senado, mas o parlamentar acredita em uma tramitação célere por se tratar de prevenção à saúde da mulher. “Não são hipóteses, mas sim fatos que demonstram os problemas dos contraceptivos orais. A proposta alerta as mulheres sobre o risco de fazer o uso do medicamento, principalmente aquelas que não têm o acompanhamento de um médico”, argumentou Trad.
A servidora pública de Brasília, Yara da Silva Faria, hoje com 35 anos, conta que começou a tomar pílula com 15. Entre idas e vindas, foram mais de dez anos fazendo o uso do hormônio combinado. “Comecei a tomar a pílula para controlar a acne. Neste período acumulei muitos vasinhos nas pernas e parei de tomar para engravidar. Após a gravidez tentei voltar com a pílula, mas tinha muitos enjoos e dores de cabeça. Foi então que optei pelo DIU”, contou.
Yara, no entanto, sempre esteve atenta às notícias de que o método contraceptivo que ela usava poderia desenvolver doenças específicas, além de fazer acompanhamento médico com um ginecologista. “Li reportagens e vi nos telejornais casos de pacientes jovens com histórico de uso de pílula e que tiveram AVC e trombose. Fiquei assustada e foi mais um motivo para parar de usar o medicamento”, disse.
Em recente entrevista ao programa Bem-Estar, da Globo, o ginecologista José Alcione Macedo Almeida, presidente da Sociedade Brasileira de Obstetrícia e Ginecologia da Infância e Adolescência (Sogia), disse que é importante saber se o paciente faz o uso de qualquer outro medicamento que possa conflitar com os hormônios da pílula. “Pacientes que tomam anticoagulantes para evitar a trombose, a gente evita passar a pílula.”
O que é trombose?
A trombose é uma doença causada pela coagulação do sangue em uma ou mais veias, bloqueando totalmente o vaso sanguíneo. As veias mais comumente atingidas são as dos membros inferiores – cerca de 90% dos casos. Os sintomas mais comuns são inchaço e dor.
A doença acomete cerca de 10 mil mulheres por ano no Brasil, e o primeiro ano de uso de pílula contraceptiva é o mais propenso para contrair a trombose. O risco também aumenta quando a mulher fuma, ao menos, dez cigarros por dia.
Exames devem preceder uso da pílula
Para fazer o uso de pílula anticoncepcional, a paciente deve antes fazer uma série de exames que irão dar um panorama amplo de sua saúde. A Anvisa alerta que o medicamento só poderá ser prescrito após orientação de um ginecologista com base em histórico individual e familiar, além de exames de pressão arterial, das mamas, do fígado, de extremidades e órgãos pélvicos, além do papanicolau.
A Anvisa também deixa claro que “os benefícios dos anticoncepcionais na prevenção da gravidez continuam a superar seus malefícios” e que os riscos de contrair a trombose envolvendo os contraceptivos orais combinados é “conhecidamente pequeno”. O uso da camisinha, segundo o órgão, ainda é o método contraceptivo mais eficaz.
Mais informações sobre os anticoncepcionais:
http://portal.anvisa.gov.br/
Fonte: Renan Bortoleto