O presidente do PMDB, Romero Jucá, avisa que o partido vai fechar questão e punir rebeldes na votação de temas polêmicos, como a Proposta de Emenda à Constituição do Teto de Gastos Congressistas que apoiam o presidente querem que o envio dos projetos seja adiado para após a eleição
Brasília – De retorno ao Brasil após quatro dias na Ásia depois da aprovação do processo de impeachment, o presidente Michel Temer (PMDB) vai começar a enfrentar dificuldades na base aliada para aprovar as principais reformas prometidas, como a da Previdência.
O presidente nacional do PMDB, senador Romero Jucá (RR), já avisou que a legenda vai fechar questão e punir rebeldes na votação de temas polêmicos, como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Teto de Gastos.
Nos bastidores, os aliados de Temer analisam que a proposta da Previdência deve ficar para depois das eleições municipais sob pena de prejudicar o desempenho de correligionários que concorrem a prefeito ou vereador.
Há também a preocupação de que o projeto a ser encaminhado venha com ruídos que aumentem a apreensão dos trabalhadores prestes a se aposentar e alimentem as manifestações que pregam o bordão “Fora, Temer”.
Temer ainda não anunciou qual será sua decisão final. Em jantar com líderes da base aliada na semana passada, ele avisou que pretende apresentar a reforma da Previdência, provavelmente, até o fim de setembro.
Aliados do centrão procurados pelo DCI, cujos partidos debandaram da base da ex-presidente Dilma Rousseff, e da antiga oposição, reclamam que essa opção fará com que a iniciativa antes das eleições sofra o chamado ’embargo de gaveta’ porque irá coincidir com o auge das campanhas eleitorais. Segundo eles, o projeto seria, inclusive, entregue a um Congresso praticamente vazio.
“Para manter a harmonia e a unidade da base, o presidente Temer terá de exercer, primordialmente, uma das suas principais habilidades: o diálogo”, recomendou o líder do PSDna Câmara, Rogério Rosso (DF), o principal líder do centrão.
Pressão em aliados
Caso Temer decida, de fato, enviar os projetos ao Congresso, estará colocando pressão nas costas dos aliados. Ainda assim, o presidente não deve esperar, segundo o vice-líder do PMDB, Carlos Marun (MS), um dos principais comandantes da tropa de choque do ex-presidente da Câmara e deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
“A principio, ele [Temer] gostaria que fosse apresentada, imediatamente, a proposta da Previdência. Depende da avaliação dele, mas isso pode vir a contaminar o debate nas eleições. Não que adiar a votação vá enganar alguém, todos já conhecem a proposta”, avaliou Marun. Para o vice-líder, não haverá crise na base. Opinião semelhante tem o líder do DEM na Câmara, Pauderney Avelino (AM).
“Nós saímos do recesso, saímos das Olimpíadas. Estamos no processo eleitoral. Eu não vejo razão para adiar por três ou quatro semanas o envio dessa matéria que é muito importante. Não podemos perder essa oportunidade, precisamos mostrar para a população o risco de não se fazer nada. Precisamos da reforma da previdência”, argumentou.
Para o vice-líder do DEM, Efraim Filho (PB), há uma guerra de desinformação, porque, segundo ele, na verdade não há espaço na agenda do Congresso para votar a reforma da Previdência.
“Nós temos uma agenda em setembro para ser cumprida, que envolve a questão do pré-sal e dos gastos públicos, o que já esgota a agenda de setembro. Naturalmente, a agenda está esgotada. A reforma da previdência virá na sequência, em outubro, para que a gente possa apreciá-la”, disse.
Enquadramento
O presidente nacional do DEM, Agripino Maia (RN), foi além: “Para que as reformas necessárias ao País saiam do papel é preciso que o presidente Temer enquadre o PMDB e lembre que eles são governo. O PSDB e o DEM estão dispostos a dar a sua cota de sacrifício para que as medidas sejam aprovadas”.
A ideia de enquadramento dos rebeldes é admitida pelo presidente nacional do PMDB, senador Romero Jucá (RR), que sucedeu Temer no cargo. Seus alvos preferenciais são o senador Roberto Requião (PMDB-PR) e a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), que apoiaram a ex-presidente Dilma e têm trocado farpas com Jucá nas últimas semanas.
“Teremos projetos importantes, como a PEC do Teto de Gastos. Quem não votar com opartido estará descumprindo uma determinação e terá que responder por isso”, alertou Romero Jucá.
O esboço do projeto de reforma da Previdência já está pronto. A ideia é estipular a idade mínima de 65 anos para a aposentadoria de homens e mulheres. Isso valeria para trabalhadores da iniciativa privada e servidores públicos.
Abnor Gondim
O presidente do PMDB, Romero Jucá, avisa que o partido vai fechar questão e punir rebeldes na votação de temas polêmicos, como a Proposta de Emenda à Constituição do Teto de Gastos
Temer terá dificuldades na própria base aliada para aprovar reformas
Congressistas que apoiam o presidente querem que o envio dos projetos seja adiado para após a eleição
CONGRESSO
Abnor Gondim Brasília
abnor@dci.com.br
De retomo ao Brasil após quatro dias na Ásia depois da aprovação do processo de impeachment, o presidente Michel Temer (PMDB) vai começar a enfrentar dificuldades na base aliada para aprovar as principais reformas prometidas, como a da Previdência.
O presidente nacional do PMDB, senador Romero Jucá (RR), já avisou que a legenda vai fechar questão e punir rebeldes na votação de temas polêmicos, como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Teto de Gastos.
Nos bastidores, os aliados de Temer analisam que a proposta da Previdência deve ficar para depois das eleições municipais sob pena de prejudicar o desempenho de correligionários que concorrem a prefeito ou vereador.
Há também a preocupação de que o projeto a ser encaminhado venha com ruídos que aumentem a apreensão dos trabalhadores prestes a se aposentar e alimentem as manifestações que pregam o bordão “Fora, Temer”.
Temer ainda não anunciou qual será sua decisão final. Em jantar com líderes da base aliada na semana passada, ele avisou que pretende apresentar a reforma da Previdência, provavelmente, até o fim de setembro.
Aliados do centrão procurados pelo DCI, cujos partidos debandaram da base da ex-presidente Dilma Rousseff, e da antiga oposição, reclamam que essa opção fará com que a iniciativa antes das eleições sofra o chamado ’embargo de gaveta’ porque irá coincidir com o auge das campanhas eleitorais. Segundo eles, o projeto seria, inclusive, entregue a um Congresso praticamente vazio.
“Para manter a harmonia e a unidade da base, o presidente Temer terá de exercer, primordialmente, uma das suas principais habilidades: o diálogo”, recomendou o líder do PSDna Câmara, Rogério Rosso (DF), o principal líder do centrão.
Pressão em aliados
Caso Temer decida, de fato,
enviar os projetos ao Congresso, estará colocando pressão nas costas dos aliados. Ainda assim, o presidente não deve esperar, segundo o vice-líder do PMDB, Carlos Marun (MS), um dos principais comandantes da tropa de choque do ex-presidente da Câmara e deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
“A principio, ele [Temer] gostaria que fosse apresentada, imediatamente, a proposta da Previdência. Depende da avaliação dele, mas isso pode vir a contaminar o debate nas eleições. Não que adiar a votação vá enganar alguém, todos já conhecem a proposta”, avaliou Marun. Para o vice-líder,
não haverá crise na base. Opinião semelhante tem o líder do DEM na Câmara, Pauderney Avelino (AM).
“Nós saímos do recesso, saímos das Olimpíadas. Estamos no processo eleitoral. Eu não vejo razão para adiar por três ou quatro semanas o envio dessa matéria que é muito importante. Não podemos perder essa oportunidade, precisamos mostrar para a população o risco de não se fazer nada. Precisamos da reforma da previdência”, argumentou.
Para o vice-líder do DEM, Efraim Filho (PB), há uma guerra de desinformação, porque, segundo ele, na verdade não há espaço na agenda do
Congresso para votar a reforma da Previdência.
“Nós temos uma agenda em setembro para ser cumprida, que envolve a questão do pré-sal e dos gastos públicos, o que já esgota a agenda de setembro. Naturalmente, a agenda está esgotada. A reforma da previdência virá na sequência, em outubro, para que a gente possa apreciá-la”, disse.
Enquadramento
O presidente nacional do DEM, Agripino Maia (RN), foi além: “Para que as reformas necessárias ao País saiam do papel é preciso que o presidente Temer enquadre o PMDB e lembre que eles são governo. O PSDB e o DEM estão dispostos a dar a sua cota de sacrifício para que as medidas sejam aprovadas”.
A ideia de enquadramento dos rebeldes é admitida pelo presidente nacional do PMDB, senador Romero Jucá (RR), que sucedeu Temer no cargo. Seus alvos preferenciais são o senador Roberto Requião (PMDB-PR) e a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), que apoiaram a ex-presidente Dilma e têm trocado farpas com Jucá nas últimas semanas.
“Teremos projetos importantes, como a PEC do Teto de Gastos. Quem não votar com opartido estará descumprindo uma determinação e terá que responder por isso”, alertou Romero Jucá.
O esboço do projeto de reforma da Previdência já está pronto. A ideia é estipular a idade mínima de 65 anos para a aposentadoria de homens e mulheres. Isso valería para trabalhadores da iniciativa privada e servidores públicos.