O deputado Haroldo Cathedral (RR) manifestou preocupação com a crise energética que envolve o estado de Roraima. Desde 2001, o estado é abastecido pela energia gerada na Venezuela e transmitida pelo Linhão de Guri (uma ligação entre Boa Vista e o complexo hidrelétrico de Guri, em Puerto Ordaz). “Meu estado acabou se tornando refém da crise institucional que vem ocorrendo no país vizinho, que atende 72,2% da nossa demanda”, alertou.
Segundo ele, só em 2018, Boa Vista enfrentou mais de 80 blecautes, enquanto em 2017 foram, 33 registros. “Essa crise energética de Roraima se deu, inicialmente, em decorrência do seu isolamento do Sistema Integrado Nacional, o SIN, que realiza a produção e transmissão de energia elétrica do Brasil. O absurdo é que o nosso estado é o único que não é interligado no referido sistema nacional”, rechaçou Cathedral.
Em marco de 2018, lideranças indígenas autorizam a elaboração de um plano ambiental de estudo para construção do Linhão de Tucuruí, que ligará Roraima ao Sistema Interligado Nacional (SIN). “Dos 721 quilômetros da malha, 121 quilômetros passam dentro da Terra Indígena Waimiri-Atroari, uma área de 26 mil quilômetros quadrados, maior que o estado de Sergipe. A ideia é que a obra, parada desde 2013, possa ser iniciada na área não indígena, enquanto se negocia a licença ambiental para a colocação das torres na reserva indígena Waimiri-Atroari.”
De acordo com o diretor técnico do consórcio Transnorte, Raul Ferreira, o principal entrave para a retomada da obra, que era a negociação com os indígenas, foi superado. O consórcio já está fazendo a topografia na terra indígena e o inventário florestal, que são atividades exigidas pelo Ibama para conceder a licença ambiental.
“Espero que não haja mais entraves, pois, apesar de a Transnorte ter investido R$ 300 milhões no empreendimento, as obras nunca começaram e ainda tiveram um reajuste de preços que vai elevar o custo da empreitada em mais de R$ 2 bilhões de reais. A previsão é que até o final do primeiro semestre deste ano a licença para iniciar as atividades de construção e implantação das torres seja liberada”, informou o deputado.
A previsão é que seja feito um leilão de novas fontes de geração para Roraima com o objetivo de substituir os atuais contratos de geração térmica e prover autonomia energética ao estado. A nova linha deverá estar concluída em 2021. “Espero que Roraima viva uma nova fase energética na sua história e afaste de uma vez por todas o pesadelo dos apagões, as incertezas e a dependência energética da Venezuela”, disse Cathedral.
Diane Lourenço