Novos dados sobre as ações do Instituto Royal, conhecido por utilizar animais para testes cosméticos e fármacos, foram revelados durante audiência pública realizada, nesta terça-feira (25), pela CPI que investiga maus-tratos a animais.
Os deputados Ricardo Izar (SP), presidente do colegiado, e Alexandre Serfiotis (RJ) ficaram surpresos com o fato de a entidade não possuir cadastro no Conselho Nacional de Controle e Experimentação Animal (Concea), em especial, quando recebeu cerca de R$ 5 milhões, do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), para realizar suas pesquisas.
A informação foi revelada pela presidente da Comissão de Ética da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de São Paulo (USP), Denise Fantoni, convidada a depor por ter aprovado pesquisa de aluna que utilizou dados do instituto para elaborar sua tese.
Para Izar, o fato é importante e precisa ser investigado. “Se o instituto não estava cadastrado, também não poderia utilizar animais para testes laboratoriais. Ao mesmo tempo, o ministério (MCT) só pode repassar recursos para entidades cadastradas no Concea. Vamos, certamente, enviar essa denúncia ao Ministério Público”, declarou.
Serfiotis avaliou que há fatos omissos a serem esclarecidos neste caso. “Quando você começa a desenrolar a história, percebe que há muita coisa embaixo do tapete. O instituto Royal funcionava como um canil desde 2005 e só foi credenciado no Concea em 2012. Logo em seguida, em 2013, houve essa denúncia. Tem muita coisa para apurar ainda.”
O biólogo e ativista da ONG Cruelty Free International, Frank Alarcón, afirmou que “a experimentação animal não garante eficácia aos medicamentos. Há diferenças entre as espécies em relação às vias moleculares e metabólicas”.
Ainda durante a reunião o colegiado aprovou o Requerimento 25/15, de Izar, que solicita a realização de audiência pública com a participação de Romeu Pereira de Souza, presidente do instituto, de Izabel Viana, pesquisadora da entidade, e de Marcelo Morales, ex-coordenador do Concea.
Os deputados Goulart (SP) e Herculano Passos (SP) também participaram da reunião.
Carola Ribeiro