JULIA CHAIB
Em um esforço para manter unida a sua base de apoio no Congresso Nacional, o presidente interino Michel Temer participou ontem do primeiro almoço com líderes departidos aliados na Câmara dos Deputados. O encontro ocorreu na casa do líder do PSD, Rogério Rosso (DF), com participação do ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, e outros 20 parlamentares. O recado principal passado por Temer foi para minimizar os efeitos das demissões de dois ministros nos primeiros 20 dias de governo, alvos de gravações que os colocaram sob suspeita de tentarem interferir na Lava-Jato. Temer também aproveitou para promover um esforço para votações de medidas importantes. Na saída da casa, Geddel afirmou que ninguém é “insubstituível”, em referência às demissões.
Na reunião, definiu-se um esforço para que a votação da Desvinculação de Receitas da União (DRU) ocorra hoje, direto no Plenário. Será o segundo desafio no Congresso do governo interino depois da aprovação da meta fiscal. Por ser proposta de emenda à Constituição (PEC), são necessários 2/3 dos votos para aprová-la. Segundo Geddel, a exoneração do ministro da Transparência, Fabiano Silveira, na segunda-feira, não afetou a unidade da base, e o que Temer buscou fazer foi justamente passar uma mensagem de otimismo. O primeiro a cair foi Romero Jucá, do Ministério do Planejamento.
O objetivo é, segundo Geddel, mostrar à sociedade que o governo está tomando medidas necessárias para fazer o Brasil crescer e que as delações que atingem ministros do governo não afetaram a unidade da base. “Isso é da democracia (as demissões). A vida como ela é. Se ministros efetivamente cometerem algo de ilícito, de equívoco, deixa o governo e a vida continua. Vai entrar outro no lugar e tocar o governo. Ninguém é insubstituível”, afirmou. “A base está unificada, então vamos trabalhar para votar. E não ficar nesse tititi dessa turma que só tem essa história do ‘é golpe, ‘é golpe, ‘é golpe”, continuou.
Sobre as possíveis delações, como a de Marcelo Odebrecht, que podem atingir ainda mais o governo, Geddel disse que elas não afetam a coesão da base. “Deixe ver o que é que vem, se vem, como vem. Esse negócio de falar, falam muitas coisas. Portanto, deixe vir. Cada um vai ter de dar a explicações do tamanho do problema que tiver. Não tem por que as pessoas se anteciparem em receio àqueles que têm a consciência tranquila”, afirmou.
O líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE), aliado do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha, disse que o governo já mostrou estar coeso com a aprovação da meta fiscal, que ocorreu na mesma semana em que o ex-ministro do Planejamento, Romero Jucá, foi exonerado. “Espero que a gente possa aprovar a DRU na Comissão e vamos levar o mérito da DRU amanhã mesmo (hoje) para plenário”, disse André Moura. O relatório prevê o aumento da desvinculação de 20% para 30%, estende a DRU para estados e municípios e a prorroga até dezembro de 2019, garantindo os limites constitucionais para saúde e educação. “O sentimento maior é de unidade, do que os problemas que venham a surgir com as delações que vem sendo feitas”, disse.
“A base está unificada, então vamos trabalhar para votar. E não ficar nesse ti-ti-ti dessa turma que só tem essa história do ‘é golpe, ‘é golpe, ‘é golpe” Geddel Vieira Lima, secretário de Governo