Correio Braziliense | Política: Retaliações a Maranhão

Guilherme Waltenberg

Especial para o Correio

Após a decisão do presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), de tentar anular a votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara, os líderes de partidosfavoráveis ao processo reuniram-se e convocaram uma sessão extraordinária para hoje à noite com uma pauta única: derrubar a decisão de Maranhão.

Às 14h, no entanto, os deputados que compõem a Mesa Diretora da Câmara vão se reunir e podem determinar, segundo o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Osmar Serraglio (PMDB-PR), a anulação da decisão do presidente interino. “Nem precisava haver sessão, já na Mesa mataremos essa proposta”, defendeu o paraense. Ele expôs essa ideia durante reunião realizada a partir das 19h de ontem com os líderes partidários.

“Na sessão do plenário, devemos convalidar a decisão da Mesa de derrubar o ato do presidente interino”, disse o líder do DEM, Pauderney Avelino (AM). A decisão dos líderes, no entanto, foi pela realização da sessão extraordinária como forma de demonstrar força política. “Mostraremos a união do Congresso contra essa proposta e esse governo. Será um tiro de 12”, comentou o deputado Mendonça Filho (DEM-PE).

Estiveram reunidos todos os líderes partidários, com exceção de representantes do PT, PSol, PCdoB, PDT e Rede — contrários ao impeachment. Ainda assim, os líderes reunidos, segundo informaram na saída, representavam mais de 370 parlamentares, suficiente para chamar uma sessão extraordinária segundo regras do regimento. No fim da reunião, eles distribuíram o documento produzido, identificado como “recurso 136 de 2016”.

Entre as palavras utilizadas pelos parlamentares para definir a tentativa de anulação da votação do impeachment estavam “esdruxula”, “estapafúrdia”, “ridícula” e “sandice”. “O importante é que o deputado Maranhão perdeu claramente a possibilidade política de dirigir essa Casa após essa estapafúrdia decisão”, afirmou o líder do PSD, Rogério Rosso (DF).

Comissão de Ética

Em articulação definida durante reunião de quase duas horas no gabinete do líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO), na tarde de ontem, o DEM e o PSD decidiram protocolar na Comissão de Ética uma representação contra Waldir Maranhão por quebra de decoro parlamentar. O pedido pode levar a punição que varia desde advertência até cassação do mandato.

A decisão pela assinatura dos dois partidos não foi sem motivações. A ideia é que, dada as composições partidárias dos blocos formados para concorrer às comissões no início da legislatura, esses dois partidos excluem a possibilidade uma relatoria do PT — contrário ao impeachment — ou do PP — partido de Maranhão — da representação.

Já a bancada do PP reúne-se na manhã de hoje para definir sua posição com relação à permanência de Maranhão no partido. Ontem, Júlio Lopes (PP-RJ) protocolou um pedido de expulsão do presidente interino da Câmara. Segundo o líder do partido, Aguinaldo Ribeiro (PB), ele já entrou em contato com o presidente da legenda, senador Ciro Nogueira (PP-PI), para caso haja indicação pela expulsão do deputado, a executiva possa se reunir ainda hoje para definir a situação. “A bancada está pendendo nesse sentido”, avaliou.

“O importante é que o deputado Maranhão perdeu claramente a possibilidade política de dirigir essa Casa após essa estapafúrdia decisão” Rogério Rosso (DF), líder do PSD

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