Marcella Fernandes
Julia Chaib
As mais de nove horas de sessão da comissão do impeachment antes da votação do parecer do deputado Jovair Arantes (PTB-GO) foram marcadas por alguns momentos de tensão. O clima esquentou no fim, próximo da votação. A sala estava lotada de parlamentares em pé, que se revezaram aos gritos de “não vai ter golpe” e “fora, Cunha” — em referência ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de um lado, e “fora Dilma” e “fora, PT”, do outro.
No fim, o placar de 38 votos a favor do impeachment e 27 contra foi comemorado pelos oposicionistas que entoaram o Hino nacional. Na saída da sessão, um grupo com cerca de 50 manifestantes gritava “não vai ter golpe, vai ter luta”. Pela manhã, as falas tanto do relator quanto do advogado-geral da União (AGU), José Eduardo Cardozo, provocaram fortes reações. “Meu parecer não é nulo. Nulos são os argumentos que defendem essa tese. Ataca-se a fórmula, mas se esquecem do mérito”, disse Jovair.
Cardozo afirmou que esse processo não deve ser chamado de impeachment, mas de golpe. “Golpe de abril de 2016”, afirmou. Durante sua fala, o ministro foi interrompido diversas vezes e foi preciso intervenção do presidente da comissão, deputado Rogério Rosso (PSD-DF). Logo ao chegar, ele havia pedido tranquilidade aos colegas. “Deparei-me nesta manhã com muro construído em frente ao Congresso dividindo a Esplanada. E cada vez que se ergue um muro se sugere uma segregação. Nobres deputados, este não é o momento de dividirmos o país ainda mais”, disse, ao abrir os trabalhos.
Após a fala de Cardozo, foram respondidas questões de ordem e, em seguida, os 25 líderes puderam falar. Nessa etapa, o deputado Silvio Costa (PTdoB-PE) protagonizou o momento de maior confusão ao acusar Rosso de participar de acordão para salvar o presidente da Câmara da cassação e assumir o comando da Câmara. Rosso nega as acusações. (Marcella Fernandes, Julia Chaib e Hédio Ferreira Junior)