A petista Érika Kokay, foi a única a votar contra o impeachment. Rogério Rosso, que presidiu a Comissão Especial já havia revelado a posição
HELENA MADER
Uma das unidades da Federação com maior rejeição à presidente Dilma Rousseff, o Distrito Federal teve sete dos oito deputados da bancada favoráveis ao impeachment. Apenas a petista Érika Kokay votou contra a admissibilidade do processo. Além dos discursos de 10 segundos durante o voto, dois parlamentares tiveram mais tempo para falar em plenário: os líderes Rogério Rosso, do PSD, e Ronaldo Fonseca, do Pros, aproveitaram os oito minutos destinados às lideranças para justificar a defesa do processo contra a presidente.
O governador do DF, Rodrigo Rollemberg (PSB), divulgou nota afirmando que a Câmara exerceu o seu direito constitucional. Ele acredita que o momento é “de reconstruir o país, sempre dentro dos limites da Constituição”. O governador, que esteve à frente do comando da segurança pessoalmente, ressaltou o papel do governo de Brasília a quem coube “garantir a integridade física e a liberdade de expressão dos brasileiros e dos brasilienses e preservar o patrimônio publico” e parabenizou, além das forças de segurança, os movimentos pró e contra o impeachment, que cumpriram o pacto de realização de uma manifestação pacífica.
Rogério Rosso, que presidiu a Comissão Especial do Impeachment, defendeu a legalidade. “Nós representamos, segundo dados do TSE, 96 milhões de eleitores. Portanto, estamos, do ponto de vista constitucional, jurídico e eleitoral, absolutamente legitimados”. Durante o discurso, Rosso abordou os questionamentos aos trabalhos da comissão. “Nos últimos três dias, escutei calado o pronunciamento de colegas, que falaram de eventual parcialidade nos nossos trabalhos. Não fui eu quem ratificou os trabalhos da comissão, e sim o Supremo Tribunal Federal, que rejeitou todos os mandados de segurança apresentados”. Ele afirmou que houve respeito ao contraditório, já que o ministro José Eduardo Cardozo apresentou defesa duas vezes, e lembrou que oSenado Federal é que julgará a presidente.
Líder do Pros, Ronaldo Fonseca negou que o processo represente um golpe. “A Constituição Federal nos respalda neste ato”, argumentou. Ele afirmou que representava, além do DF, a FrenteParlamentar Evangélica, que, segundo ele, “vem lutando contra uma agenda de esquerda que quer destruir a família brasileira”. Ao citar a colega de bancada Érika Kokay, Ronaldo criou um princípio de confusão e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, teve que dar direito de resposta à petista. “Venho homenagear também a bancada do Distrito Federal, com exceção da deputada Érika Kokay, que é a favor do golpe contra a Constituição”, argumentou Fonseca.
Eduardo Cunha disse que era proibido citar qualquer deputado e Kokay ganhou um minuto para se defender. “O Brasil não será o país do ódio. Não me venham aqui dizer que tentar rasgar a Constituição é respeitá-la. Tenta rasgar a Constituição quem quer implementar um golpe no país”, disse a petista.
A votação dos deputados do Distrito Federal começou pouco depois das 19h. O primeiro a se manifestar foi Alberto Fraga (DEM-DF). Ele foi bastante aplaudido pelos colegas pró-impeachment. “Se eu tivesse direito a 342 votos, daria 342 votos para salvar o país dessa corrupção e dessa ladroagem que se chama PT”, argumentou o parlamentar.
Em seguida, votou o deputado Augusto Carvalho (SD-DF). Ele fez questão de lembrar que atuou como deputado constituinte. “Em respeito à Constituição brasileira que ajudei a escrever, em respeito à opinião do povo do DF e do país, voto sim, contra a corrupção”, justificou Carvalho.
Na hora da votação, a petista Érika Kokay voltou a falar em defesa da democracia. “Em homenagem ao povo brasileiro, que carrega as marcas da falta de democracia na pele e na alma, voto contra o golpe. A corrupção está sentada na presidência desta sessão”, denunciou a petista, se referindo ao colega Eduardo Cunha.
O tucano Izalci Lucas, à exemplo de outros colegas, disse que votava a favor do impeachment “em homenagem à família”. “Em respeito à Constituição e ao aniversário da minha cidade, que completa 56 anos, em homenagem ao povo brasileiro, voto sim”, bradou Izalci ao microfone. Laerte Bessa, do PR, pediu desculpas ao partido antes de declarar seu voto favorável à admissibilidade do processo. “Pela minha mãezinha, pelas minhas três filhas, pelo meu neto, pela segurança pública, fora PT”, declarou Bessa.
Rogério Rosso, que já havia declarado seu voto, também fez menções à família. “Meus pais, desde cedo, ensinaram para mim, para meu irmão e minha irmã, que ninguém é melhor do que ninguém. Em homenagem ao ordenamento jurídico brasileiro, que permite a ampla defesa, em homenagem à harmonia e a independência entre os poderes e ao povo do DF, voto sim”, explicou Rosso. Ronaldo Fonseca voltou a falar “em nome da nação evangélica” na hora de votar a favor do impeachment. “Voto sim, sem medo de ter esperança, e com a convicção de que a Constituição Federal ampara essa sessão”, justificou. Último a se manifestar, o deputado Rôney Nemer, do PP, seguiu a maioria da bancada e votou pela admissibilidade do processo. “Para que as famílias voltem a sonhar e a acreditar na geração de empregos e que o país tem jeito”, justificou.
“A hora é de reconstruir o país, sempre dentro dos limites da Constituição” Rodrigo Rollemberg, Governador do Distrito Federal