Hédio Ferreira Junior – Especial para o Correio
Às 6h40, o deputado Laudívio Carvalho (Solidariedade-MG) chegou ao Plenário 1 das comissões. Dali a três horas, teria início a 11ª e última reunião da comissão especial do impeachment da presidente Dilma Rousseff a na Câmara dos Deputados. Encarregados do serviço de limpeza da Câmara ainda esboçavam a aspiração do carpete da sala e nem a segurança interna do Legislativo havia aparecido. O “madrugar” de Laudívio tinha um sentido: suplente da comissão e sem direito a voto, ele buscava a chance de, na última hora, entrar para a história como um dos 65 parlamentares que votaram pelo impedimento de Dilma no colegiado.
A possibilidade foi posta aos seus pés: com suspeita de gripe H1N1, o deputado Washington Reis (PMDB-RJ) estava internado no Rio e não compareceria à sessão. Em seu lugar, entraria o primeiro suplente da bancada ou do partido a registrar presença na reunião. Caberia ao presidente da comissão, Rogério Rosso (PSD-DF), decidir e anunciar de quem de fato seria a participação.
Outros colegas tiveram a mesma ideia e foi aí que começou a confusão. Como o painel para registrar presença só abriria às 10h, quem chegou depois questionou a ordem na fila imaginária encabeçada por Laudívio, um voto declarado contra o governo. “Não tem essa de fila. Outros chegaram primeiro”, provocava Orlando Silva (PCdoB-SP), aliado do Palácio do Planalto.
Suplente peemedebista, Vitor Valim (PE) foi o terceiro a chegar e também apostava em sua participação no dia histórico, caso Rogério Rosso (PSD-DF) decidisse pela suplência partidária. “Estou com o Laudívio. Se um de nós garantir a participação, já me dou por satisfeito”, defendia.
Os painéis de registro de presença — tanto na entrada da sala quanto nas bancadas dos parlamentares — ainda estavam fechados, o que levou Laudívio a se posicionar em frente à tela, bem na entrada da sala, tentando a cada cinco segundos atualizar o sistema para ver se o registro já poderia ser consolidado. Aos 23 segundos depois das 10h, o deputado mineiro conseguiu a presença e ser o primeiro a bater ponto no encerramento da comissão.
Rosso confirmou, enfim, que a substituição de faltosos seria por suplentes do bloco na comissão, e não do partido. E Laudívio conseguiu participar da sessão.