A dois anos da próxima corrida eleitoral, políticos do Distrito Federal se articulam nos bastidores da concorrência para cargos majoritários. Levantamento do Correio aponta pelo menos 12 nomes para governo e Senado
» HELENA MADER
A crise econômica nacional e a instabilidade institucional deixaram a conjuntura política das unidades da Federação ainda mais nebulosa. A falta de clareza quanto aos rumos eleitorais dos principais protagonistas embaralha o cenário e leva os potenciais candidatos a cargos majoritários em 2018 a antecipar conversas e negociações. No Distrito Federal, a penúria financeira e a falta de investimentos devem estar entre os principais temas da próxima campanha. Ainda faltam quase dois anos para as convenções partidárias que definirão os concorrentes a cargos como governador, vice e senador. Mas, nos bastidores, as articulações e formações de blocos de olho em 2018 começaram.
Há pelo menos 12 nomes do DF mencionados quando o assunto é a disputa das principais funções. O governador Rodrigo Rollemberg (PSB) deve tentar a reeleição, mas só o futuro dirá se o chefe do Executivo manterá a parceria com o PSD, do vice-governador Renato Santana. Se a dobradinha partidária chegar ao fim, Santana pode disputar outro cargo majoritário, como o Senado Federal. Se o casamento entre o PSB e o PSD tiver vida longa, é possível que o atual vice permaneça na chapa em 2018.
Em uma eventual ruptura da parceria, o nome do deputado federal Rogério Rosso (PSD), padrinho político do vice-governador, surge como virtual concorrente ao Palácio do Buriti. Mas a tendência do parlamentar é tentar a reeleição na Câmara dos Deputados, onde se destacou à frente da Comissão Especial do Impeachment, ou disputar uma das duas vagas ao Senado. Ele evita antecipar o debate sobre a manutenção ou não do acordo entre PSB ePSD. “É cedo para tomar qualquer decisão. A prioridade do PSD hoje é trabalhar”, desconversa Rosso.
O ex-vice-governador Tadeu Filippelli (PMDB) deve rivalizar com Rollemberg na corrida ao Palácio do Buriti. Com discrição, o peemedebista tem debatido o cenário político do DF com novos e antigos aliados, mas ainda não costurou a formação de um grupo consolidado para 2018. O desenrolar da crise nacional será determinante para Filippelli. Presidente regional do PMDB, ele é um aliado próximo do presidente em exercício, Michel Temer, e trabalhou com o correligionário na Secretaria de Relações Institucionais. Com o julgamento do impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff, no Senado e a efetivação de Temer no Planalto, Filippelli ganhará interlocução na Presidência da República.
O senador Hélio José, recém-filiado ao PMDB, sonha em disputar a reeleição. Mas não conta com o entusiasmo de Filippelli para compor a chapa majoritária do partido. O ex-vice-governador prefere subir nos palanques ao lado de um nome com maior interlocução com o eleitorado, como o ex-deputado e bispo Robson Rodovalho (PP).
A presidente da Câmara Legislativa, Celina Leão (PPS), se elegeu na base de apoio de Rodrigo Rollemberg e rompeu com o Buriti pouco depois. Desde então, a parlamentar tem mantido um comportamento amigável com o governo, mas não há nenhum acerto para 2018. A distrital privilegia uma candidatura a deputada federal, mas, como única mulher no cenário das majoritárias, uma candidatura de Celina ao Senado ou até mesmo ao Buriti é constante fonte de especulação.
Bloco
O distrital Chico Leite (Rede) é uma das certezas na disputa majoritária. A tendência é de que ele concorra ao Senado, mas, a depender dos arranjos nacionais, o ex-petista pode ser um dos nomes para o governo. O futuro de Chico dependerá da correligionária Marina Silva. Se confirmada a candidatura da ex-senadora para o Palácio do Planalto, pode haver a exigência de formação de palanques regionais para a líder da Rede.
Na Câmara Legislativa, Chico lidera o chamado Bloquinho, que reúne, além da Rede, o PDT e o PV. A formação do grupo para os debates na Casa é considerada uma prévia para 2018. Do grupo, pode sair o candidato a vice, caso Rollemberg e Renato Santana não repitam a dobradinha, e também o concorrente ao Senado. O bloco pode, ainda, lançar um nome próprio ao governo. O secretário de Trabalho, Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, Joe Valle (PDT), integra essa frente e tem chance de ser um nome para a disputa majoritária.
O senador Cristovam Buarque vê três cenários para seu futuro eleitoral: concorrer à Presidência pelo PPS, disputar a reeleição ou não ser candidato a nenhum cargo. “Se o PPS quiser, estou pronto para ser candidato à Presidência. Mas a possibilidade de concorrer aoSenado continua aberta”, explica o parlamentar.
Os deputados federais Alberto Fraga (DEM), Izalci (PSDB) e Ronaldo Fonseca (Pros) sonham com uma vaga para a disputa majoritária. A tendência é de que os três não lancem candidaturas avulsas, mas se organizem em torno de um nome único que represente a direita. O presidente do Tribunal de Contas do DF, Renato Rainha, foi deputado distrital e é visto como um potencial rival de Rodrigo Rollemberg na corrida eleitoral de 2018. O conselheiro presidirá a Corte até o fim do ano, mas não tem data para se aposentar.
No PT, a possibilidade é de que haja um candidato ao Palácio do Buriti, apesar dos desgastes da crise nacional e da alta reprovação à gestão de Agnelo Queiroz. “A gente deve ter um nome, mas a nossa prioridade, no momento, é barrar o golpe e tirar o Temer”, explica o presidente do PT, Roberto Policarpo. Entre os possíveis nomes para representar a legenda na corrida de 2018, estão Geraldo Magela, Érika Kokay, Wasny de Roure e Arlete Sampaio.