A participação de transgêneros no âmbito esportivo foi tema de debate, nesta quarta-feira (5), na Comissão do Esporte (CESPO) da Câmara. Parlamentares reacenderam a possibilidade de jogadores que trocam de sexo ter desempenho abaixo ou acima da média quando atuam em ligas profissionais. O caso da jogadora de vôlei Tifanny Abreu também voltou a ser comentado no colegiado.
“A Câmara não pode se esconder deste debate. É um caminho sem volta quando a pessoa decide mudar de sexo, mas nós temos que debater se isso gera ou não vantagem esportiva”, disse o presidente da Comissão de Esporte, deputado Fábio Mitidieri (SE).
A comissão deve fazer mais duas audiências públicas para falar sobre o assunto. Mitidieri, por sua vez, não deixou de ressaltar o lado humano da situação. “Esses atletas que estão sendo questionados devem passar por um turbilhão de sentimentos. São seres humanos antes de tudo e temos que tratar com delicadeza e chegar a um entendimento. Já há viés religioso, cultural e fisiológico”.
De acordo com o Comitê Olímpico Internacional (COI), os transgêneros precisam se declarar sob o novo gênero (reconhecimento civil) e ter quantidade de testosterona controlada para poder competir. Esse caso é mais comum para homens que se tornaram mulheres e precisam fazer o controle dos hormônios. O nível permitido é de até 10 nanomol de testosterona por litro de sangue nos doze meses anteriores a qualquer competição.
Caso Tifanny
A jogadora de vôlei Tifanny deve ser uma das convidadas para as próximas reuniões da Comissão do Esporte da Câmara. Ainda com o nome de Rodrigo, profissionalizou-se no voleibol e defendeu o Juiz de Fora e o Foz do Iguaçu na Superliga masculina B.
Em 2012 iniciou o processo de mudança de gênero fora do Brasil. Passou por duas cirurgias e fez tratamento hormonal para diminuir os índices de testosterona. Em 2017, a Federação Internacional de Vôlei (FIVB) concedeu autorização para ele voltar às quadras como Tifanny.
A Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) também liberou sua participação nos campeonatos após exames médicos constatarem que ela atendia as determinações do COI.
Renan Bortoletto