Dos 142 filmes registrados na Agência Nacional do Cinema (Ancine) em 2016 nenhum foi dirigido ou roteirizado por uma mulher negra, e somente 17% das produções audiovisuais tinham uma mulher no comando. O nível de participação do público feminino na produção de longas-metragens foi tema de debate, nesta terça-feira (4), na Comissão de Cultura (Ccult). O colegiado é presidido pela deputada Raquel Muniz (MG).
“Precisamos trazer para o debate a participação da mulher na roteirização e produção de filmes, documentários ou qualquer outra obra audiovisual. Temos o deve de propor políticas públicas para que elas ocupem cada vez mais lugar de destaque nos mais variados segmentos artísticos”, disse Raquel.
A participação feminina só é maior que a masculina quando o assunto é direção de arte: dos 534 títulos avaliados em 2016 pela agência, 58% eram liderados por mulheres, 37% pelos homens e 5% misto.
O cenário com mais presença masculina é o de direção de fotografia: 88% dos trabalhados catalogados na Ancine. Apenas 8% tem mulheres, e 4% misto. “Acredito que possa ser também um problema social, que vem lá atrás. Chegar a estes postos não é fácil, e a ausência de mulheres negras nos trabalhos de direção é outro fator que deve ser olhado com atenção”, disse Ana Paula Sylvestre, diretora de políticas audiovisuais do Ministério da Cultura (MinC).
Angélica Coutinho Marques, superintendente da Ancine, disse que a cadeia audiovisual precisa ser mais ampla para retratar a cultura e a diversidade do país de forma fiel. “Com essa perspectiva criamos dentro da própria Ancine uma comissão de diversidade, que vai avaliar essa participação feminina e ajudar na criação de cotas e captação de projetos que abram mais espaço para o público feminino.”
Renan Bortoletto